O povo salvará o Brasil.

A classe política brasileira – e continua sendo inútil falar nas raras exceções – está, pouco a pouco, sendo acuada a recolher-se por trás de um muro de vergonhas que ela própria construiu. Política, temos insistido, são arte e ciência sérias demais para simples políticos apoderarem-se delas. Política exige seriedade existente apenas na alma e nas entranhas do povo, de onde a noção de governos democráticos, os do povo, para o povo e pelo povo. E não, como agora, para grupelhos oportunistas ou para desocupados espertos que usam de cargos e representações em benefício próprio.

Enquanto todos os meios de comunicação divulgam mazelas sem fim, prejuízos incalculáveis aos cofres públicos, assaltos ao erário, cumplicidades incestuosas entre políticos e empresários, o povo – naquilo que temos de mais humilde – vai dando, ao país, lições emocionantes de brasilidade, de cidadania e de consciência social. Políticos estão acuados, cada vez mais, pois o testemunho do povo – em movimentos de solidariedade, de voluntariado e em iniciativas inovadoras e renovadoras – intimidam os desonestos. Pois, enquanto estes superfaturam ambulâncias ou se tornam vampiros ou sanguessugas por onde passam ou roubam até em casas populares, o povo vai construindo uma grande obra social.

Foi o que se viu numa pequena mas emocionante reportagem do Jornal da Globo, mostrando como se vão construindo bibliotecas a partir da iniciativa de um açougueiro, de um dono de oficina mecânica, de uma cabeleireira. Espalham-se livros a mancheias, como anunciou e propôs o poeta, anunciando também que uma nação se faz com homens e livros. E mais formidável e estimulante ainda: livros estão à disposição do público, sem fiscalização, sem vigias, cada cidadão podendo levá-los para casa com o único compromisso, o de devolvê-los. O povo investe na honestidade do próprio povo.

Ora, um Prêmio Nobel da Paz, indiano, foi um banqueiro que acreditou no povo, dando crédito e empréstimos aos mais humildes. E aí está Lula, sobrevivendo a tudo, por ter, ainda, a confiança e o apoio do povo, sempre dos pequeninos. Há, pois, sinais alentadores de mudanças, daqueles cansaços definitivos que rompem com o “jeitinho”, com a malandragem institucional, com os conluios vergonhosos entre empresários e políticos e até mesmo entre grupos sindicais que se comprometem com o capital em detrimento do trabalho. Piracicaba assiste a esse escândalo de abusos. Mas já assiste, também, à reação das gentes simples que conseguem fazer política séria a partir da iniciativa de grupos de bairros e de quarteirões.

Com a democratização das comunicações através da internet, políticos profissionais estão a perigo, tomara que em ritmo de extinção. Pois os exemplos que nos chegam de todos os cantos mostram, finalmente, o povo acreditando em si mesmo. E reconheçamos: Lula foi o primeiro a apostar nisso.

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