O tatu e o coveiro.

Poucos administradores passaram por Piracicaba com a perspicácia, a visão e a tenacidade do dr.Richard Edward Senn, que nos visitou tão recentemente. O dr. Senn, criando a Unimep, foi movido por uma força interior quase inabalável, mas com sensibilidade e preparo aprimorados. E, de maneira lúcida e brilhante, conseguiu unir o pragmatismo administrativo à visão acadêmica, criando e projetando uma universidade que se propunha a ser singular em seus propósitos e métodos. Para isso, contou com intelectuais, professores, pensadores que se tornaram responsáveis pela estrutura espiritual na qual a Unimep se forjou. Quando o dr. Senn – em anos de ditadura e de cordas bambas exigindo equilíbrios excepcionais – titubeou diante de pressões militares, a reação do “espírito acadêmico” foi pronta, imediata, colocando o ideal acima de receios e de riscos.

O dr.Senn, nascido nos Estados Unidos e cidadão estadunidense, viveu problemas sérios de convivência e de coexistência no Brasil dos militares. Elias Boaventura, Júlio Romero, Ely Eser César, Walter De Francisco, Irene Macedo Jardim e até mesmo Rinalva Cassiano, entre outros, sabem da luta e dos desafios, dos esforços fantásticos para resistir a adesismos altamente lucrativos da ganância já daqueles tempos. E Davi Barros, na periferia do pensamento dos que pensavam, foi um bom assessor da praticidade do dr.Senn, exercendo um aprendizado de feiticeiro que, pelo visto, de nada lhe serviu. Aprendeu pouco. Ou aprendeu errado. E se tentou imitar o que houve de bom só conseguiu rodear o quarteirão. O mestre-feiticeiro, dr.Senn, sonhou grande; o aprendiz parece sonhar com a paróquia, com o eclesial, em maravilhamentos pentecostais.

Quando havia grandes dificuldades, o dr.Senn usava de uma metáfora que lhe servia para carregar-lhe as energias e, ao mesmo tempo, enfraquecer o adversário: “Eu sou como tatu. Se cavo um buraco e não dá certo, cavo outro.” Numa reunião, àquela época, com homens da imprensa de Piracicaba, ele fez essa afirmação para garantir que venceria as dificuldades para implantar a Universidade: “Estamos num buraco que nós mesmos cavamos. Mas eu sou tatu e vou cavar outro e sair dessa encrenca.” Cavou e saiu. E ergueu a Unimep.

Davi Barros esta revelando que continua apenas aprendiz de feiticeiro, sem ter sequer se aproximado dos segredos da feitiçaria. Ele provoca, desrespeita, agride, inventa, faz ziguezague, gira e roda sem saber para onde ir e está cavando e cavando cada vez mais buracos. Se ele pensa ter as qualidades de tatu que o dr.Senn se dava a si mesmo, perdeu. Os buracos que ele cava na Unimep são os de um coveiro. A cova está pronta. Se alunos e professores permitirem – e parece que irão reagir novamente – Davi Barros faz o enterro. Ele não entendeu a metáfora do dr. Senn.

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