Preço de um diploma. E valor.

Com a trágica filosofia de mercado imposta por Davi Barros e setores ora dominantes da Igreja Metodista, a Unimep entra na contramão da história, acreditando, mediocremente, estar vivendo a plenitude dos tempos. Não está. Nenhuma universidade, nenhuma escola superior, nenhuma instituição que tenha a educação e o conhecimento como fundamentos de sua existência consegue sobreviver e ser respeitada se, de princípio, não estabelecer diferenças entre preço e valor.

Há coisas, entidades, organizações, até relações e momentos que têm preço, mas sem nenhum valor. E, no entanto, outros há que não têm preço algum, mas valor incalculável, inestimável. O conhecimento é um valor. Não há dinheiro que o compre. E nem pode ser colocado à venda por preços módicos. Vendem-se diplomas, mas isso não significa que eles impliquem conhecimento. Por isso, universidades e igrejas – especialmente elas, entre outras organizações voltadas à dignidade do ser humano – deixam de ser importantes quando se perdem no emaranhado dos imediatismos ou das tendências de cada época. Princípios são da dignidade eterna do homem. E o conhecimento é um desses princípios que permitem seja, o ser humano, alçado a uma dimensão mais elevada na escala animal.

Estamos, também em Piracicaba, assistindo a uma verdadeira liquidação de cursos, como se fossem empresas comerciais, lojas, anunciando produtos em liquidação ou com ofertas de ocasião. Diz-se – pelo menos é a justificativa dos oportunistas – que o “deus mercado” exige profissionais capacitados e que, por isso, há necessidade de mais e mais universidades, mais e mais faculdades, ignorando-se o ensino básico, o fundamental da educação e da formação da pessoa humana. Mas é o mundo, não o mercado, que exige profissionais competentes e conscienciosos, cada um em sua área, pessoas decentes em todo o comando da sociedade, tendo o bem comum como ideal supremo de todos. E esse é um valor com custos altos, impossível de se dimensionar em preços. Quanto custa a sabedoria? E a ciência? E a consciência social?

Escolas para o mercado nada mais são do que um mercado de escolas. E isso começa a acontecer em Piracicaba, desde quando Davi Ferreira Barros, com esperteza de raposa em galinheiro, convenceu alguns pastores e bispos ingênuos de que “ganhar dinheiro com educação” é fácil. E realmente é. E tanto parece ser essa a filosofia de Davi Barros e sua corte que, um de seus prosélitos, andou referindo-se à citação de livro meu, em que se conta Chrysantho César ter sido orientado a criar uma faculdade para ajudar o Colégio Piracicabano. O articulista da corte não teve o cuidado de ver que o “Ide e Ensinai” dos metodistas foi mantido, preservado e estimulado por Chrysantho César. De falácias em falácias, a Unimep está entrando em colapso, deixando de ser Unimep para ser UnimeDa (universidade do metodismo de Davi) ou, apenas, a “escolinha do Davi”. E de alguns novos crentes.

A amarga realidade, no entanto, é a de estar havendo, em todo o Brasil, um grande, um terrível, um amargo conto do vigário, cuja vítima é a juventude brasileira. São escolas que, a preços módicos, entregam diplomas. Mas eles já nascem viciados pela ausência de valor. Quando escolas confundem preços com valor, os alunos também não saberão distinguir uns de outros. E, com tais diplomas medíocres, serão profissionais medíocres como tantos que já existem e de que o Brasil não precisa mais.

Aguardemos, para alguns meses, a guerra comercial de faculdades para disputar o prêmio de qual delas oferece “preços mais baixos”. O valor de cada uma já aparece nos preços que anunciam. Ora, o preço de um diploma pode ser barato. Mas poderá não ter valor algum. O conhecimento é, por si só, um grande, um imensurável valor. Que, antes de ser caro, é custoso.

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