Quem suja a própria casa.
A iniciativa da Prefeitura de São Paulo em “limpar” a cidade do festival de outdoors, cartazes, placas, que determinaram uma lastimável poluição visual começa a ser imitada por diversas cidades paulistas. A iniciativa de disciplinar e regulamentar a lei dos “outdoors” encontrou, obviamente, resistência por parte daqueles que, mesmo com empresas legalizadas, abusam do espaço público. É o escândalo de nossos tempos, no Brasil: o público invadindo o privado e o privado apoderando-se do público.
Ora, sabemos ser praticamente inútil falar em ética ou em respeito aos atuais detentores do poder político em Piracicaba, cuja chefia do Executivo está entregue a personagem já conhecida da velha guarda piracicabana. O escândalo dos sanguessugas está aí, apenas mais um, para levar à reflexões mais sérias. Ética e princípios não fazem parte do vocabulário do poder atual, que permanece, impávido e colosso, prestigiando as empresas que, no Brasil todo, se tornaram conhecidas também por situações condenáveis. Portanto, sabemos ser inútil abordar a questão ética.
No entanto, o atual prefeito é “filhote político” do também atual governador de São Paulo, José Serra. E foi José Serra quem, na Prefeitura de São Paulo, desencadeou essa verdadeira cruzada pela “limpeza da cidade”, enfrentando o lobby dos “outdoors” e passando a dar nova imagem à cidade, sabendo que a cidade é o lar da comunidade. Aqui, em Piracicaba, é exatamente a Prefeitura a maior responsável pela “sujeira visual”, com um marketing político escandaloso e ofensivo, especialmente quando se sabe que muitas placas que indicam realizações são, na verdade, engodos e farsas, como se pode ver nas fotos do Zoológico Municipal.
O prefeito solta o rojão e corre atrás da vareta. Mas o que ele faz, na verdade, é “sujar a cidade”. É quase inacreditável ver a inércia de vereadores, do Ministério Público e, também, da ONG 2010, que luta por uma cidade cada vez mais decente, com qualidade de vida em nível superior, ou seja, a velha Piracicaba que, desde o princípio do século XX, foi modelo de organização e de desenvolvimento.
Ora, se a sujeira começa da própria Prefeitura, que autoridade moral haverá para educar a população. Aliás, a propósito de educar, há novidades em relação à falta de respeito também da Secretária de Educação, o que não é outro assunto, mas um que complemente outra. Há, parece, uma filosofia administrativa que estimula espertezas e desrespeitos.