Sanguessugas, emenda e soneto.

O formidável em todas a denúncias, envolvimentos e casos de corrupção que mantém esse centenário conluio políticos/empreiteiros é que, na realidade, “nada há de novo sob o Sol”. Não se encontra originalidade nas explicações. É como depoimento em CPI: ninguém sabe nada, ninguém faz nada, não há amizades íntimas, nem interesses pessoais, o povo pode ficar tranqüilo que todos são gente fina.

As explicações dos advogados do empreiteiro Abel Pereira ao Jornal de Piracicaba passam a fazer parte dessa “opera buffa” nacional. Falaram sem nada dizer, não explicaram nada e, finalmente, fizeram o óbvio que, como nas piadas de adultério, personagens fazem. Uma delas, das piadas, diz que o marido foi encontrado, pela mulher, com a amante na cama do casal. Pego em flagrante, no jargão policial. Mesmo assim, o homem negou. Dando um pulo, gritou: “Quem foi que pôs essa mulher em minha cama?”

Os advogados de Abel Pereira colocaram-nos, incluindo o prefeito Barjas Negri, como pessoas ingênuas, despreparadas, alheias a esse mundo – agora cada vez mais sórdido – da política brasileira. A emenda saiu, novamente, pior do que o soneto. Agora, fica assim: Abel ajudou a financiar a campanha de Barjas, mas não tem amizade íntima com ele; já se conhecem há umas três décadas, mesmo porque as empresas de Abel são vencedoras de grandes concorrências; atualmente, conforme “Isto É” mostrou, empresas de Abel Pereira são responsáveis por 37 obras em Piracicaba, claro que vencendo licitações e concorrências. Está tudo nos conformes. Então, tá.

Pelo sim, pelo não, bem que a Câmara Municipal e a imprensa, de forma geral, poderiam cuidar mais do que acontece em Piracicaba do que se escandalizar ou indignar-se com corrupções que ocorrem em Brasília. Fica chato: corrupção nacional causa reações virulentas de indignação; corrupção municipal parece não ter lá grande importância.

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