Tem caroço debaixo desse angu

Como já advertíramos há quase dois anos, Davi Ferreira Barros não pode mesmo ser levado a sério. É personalidade tão confusa que não se sabe mais até onde a questão é de má fé ou de desiquilíbrio, algo por assim dizer patológico. Pois o agora ex-reitor da UNIMEP e ex-diretor geral do IEP mente tão descaradamente que fica difícil saber se se trata de questão de caráter ou de enfermidade, que os seus companheiros cuidem disso. A verdade é que Davi Barros, até mesmo em sua escandalosa queda, continuou mentindo, com a desfaçatez irresponsável de quem não respeita nada e ninguém, como, agora, ele o fez com a reportagem do Jornal de Piracicaba, à qual enganou, falseou e ludibriou, levando-a a erro de informação, lamentável porque originário de uma mentira de homem que representou a Igreja Metodista.

Ora, Davi Barros foi enfático, ao Jornal de Piracicaba, afirmando que “notícias sobre sua saída não passavam de boatos” e que apenas “deixara o meu cargo à disposição da Igreja”, além de insistir que nada fora tratado na assembléia dos bispos especificamente quanto à UNIMEP. Mas o pedido de demissão já tinha, sim, sido entregue e o próprio presidente do Conselho Diretor, Paulo Borges, não aceitara a informação do Colégio Episcopal, defendendo a legitimidade de instância para apreciar o pedido. E, algumas horas depois – na tarda da 3ª.feira – a assessoria de imprensa que atendia Davi Barros divulgou a nota confirmando a carta renúncia, de 17 de setembro, como se tivesse sido apreciada apenas ontem e pelo Conselho Diretor.

São tantas mentiras e engodos e desrespeitos que a realidade passa a ser uma só: o fato consumado da renúncia de Davi Ferreira Barros pode, ainda, ser um artifício para dar prosseguimento, com outros cúmplices, a todo um processo de desestruturação da UNIMEP e do Colégio Piracicabano que, mais do que obsessão de dirigentes e de uma ala eclesial, envolve grandes e ainda não avaliados interesses financeiros. Pois Davi Barros e Paulo Borges – e não se duvide que eles tentem desmentir, já que estão perdidos em suas próprias mentiras – estavam autorizados a negociar a venda da UNIMEP, a partir de uma assessoria internacional na instituição. Vender o quê, para quem, por quanto, quando, como onde?

Davi Barros e sua equipe estão enraizadamente envolvidos com o grupo Positivo, do Paraná, na área de educação, que já atende os metodistas também em Lins para onde se pretendia transferir a direção do Colégio Piracicabano. Seriam homens de confiança do Bispo João Carlos, presidente do Conselho Episcopal, que é do Paraná? Assessores de Davi Barros, na área financeira da UNIMEP, também eram do Paraná, um deles tendo-se tornado diretor geral em Lins.

Por que não se temer, diante de tantas mentiras, que a venda da UNIMEP estivesse ou esteja compromissada, já que Davi Barros nega que o Colégio Episcopal tenha vetado essa operação? Se a operação não existisse, por que o Colégio Episcopal haveria de vetar o inexistente? E se houver mais do que o próprio Colégio Episcopal sabe, quando há colisão evidente e crescente com um Conselho Diretor, o do IEP, voltado preferencialmente ao mercado?

Tantas mentiras, mentiras até o último e amargo fim, mentiras tantas permitem que qualquer cidadão minimamente inteligente cisme, com sabedoria caipira: “Tem caroço debaixo desse angu.” O tempo dirá. Por enquanto, sabe-se que Davi Barros caiu. Mas pode ser apenas uma mudança de guarda, por que não?

Que Piracicaba esteja alerta. Até porque, também em relação à UNIMEP, o preço da liberdade é a eterna vigilância.

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