Um depoimento fundamental.

É óbvio que os mais jovens e pertencentes a gerações recentes não conhecem a heróica luta da construção da Unimep, a universidade que, sendo metodista, também é de Piracicaba. Foi isso, aliás, que, lucidamente, concluiu o homem que a fundou, após a semente lançada por Chrysantho César, o dr. Richard Edward Senn: “É metodista, mas de Piracicaba”, mesmo sabendo que a Igreja Metodista haveria de tentar impor-se, dona que se tornaria de um imenso patrimônio de cuja construção Piracicaba participou.

A história da Unimep é, repito, uma luta heróica. E sua última grande crise – que teve todos os contornos hoje delineados pela triste figura de Davi Ferreira Barros – foi em 1985, quando os mesmos propósitos eram tentados pela parte mais obscura da Igreja Metodista, pois todas as igrejas, sejam de quais denominações forem, têm suas faces lúcidas e as obscuras. Em 1985, duas figuras, que se tornaram também tristes em toda essa história, tentaram quebrar a autonomia universitária, impondo modelos centralizadores, buscando forçar o simples confessional ao espírito de universalidade: Hélio Manfrinato e Abner Perpétuo. Foi uma verdadeira guerra campal, com a deposição do então reitor Elias Boaventura, de Almir Maia e a tentativa de descontrução de todo um projeto.

Aquele outro ano heróico, o de 1985, permitiu uma mobilização geral, com professores, alunos e funcionários acampados na universidade, algo que, pelo visto, Davi Ferreira Barros parece ignorar, pois mostra acreditar que a calmaria de um período de férias é permanente. Já há reações para que não se repita 1985. E elas podem ser mais graves do que a anterior, pois Davi Barros é mais truculento, um estilo personalista perigoso, ao qual falta a lucidez da sabedoria. Homem prático, Davi Barros pretende realizar o velho sonho das alas mais obscuras e conservadoras da Igreja Metodista, arrogando-se forças que não possui, como se se acreditasse um Golias, esquecido de que os com pretensões a gigante são derrotados.

Essas considerações são para chamar a atenção dos piracicabanos para o depoimento verdadeiramente histórico que o professor Elias Boaventura nos dá tornando claros e objetivos os verdadeiros motivos que tentam abalar as estruturas da Unimep, sob a interventoria de Davi Barros. Pois é isso e nada mais do que isso o que está ocorrendo: Davi Barros é um interventor, ao nível daqueles exemplos militares que tanto desgraçaram este país e a universidade brasileira. O depoimento de Elias Boaventura é histórico e merece constar nos anais de nossas instituições. E como cartilha aos que lutam, ainda, pelo grande ideal de uma Universidade sólida, digna de suas origens e responsável por sua missão.

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