Unimep, crise e tendências.

A crise da Unimep não se esgotará neste final de semana, quando, a partir do dia 15, deverá ser anunciado o próximo reitor da universidade e, também, mudanças que o Conselho Diretor pretende impor às escolas metodistas. Entre elas, há a possibilidade de se retomar a fusão dos cargos de reitor e diretor geral, como fôra até a administração anterior. Atualmente, a Reitoria está a cargo de Gustavo Alvim, em licença para candidatar-se a deputado estadual, e a Direção Geral do IEP sob a responsabilidade de Almir de Souza Maia.

As radicais medidas adotadas por Almir Maia nos últimos meses permitirão que ele venha a encerrar o seu longo ciclo de vitórias e de dedicação à instituição com um balanço sob controle, superando-se a grave crise financeira dos dois últimos anos, prevista mas agravada. Na realidade, o problema não é da Unimep, mas das universidades particulares, confessionais, diante da banalização do ensino superior e a falta de compromissos com a pesquisa dos novos centros universitários.

O problema, ao que parece, não serão apenas a questão financeira e a solidez da instituição, que conta com um patrimônio formidável e inclui escolas centenárias, como o Colégio Piracicabano e o Instituto Granbery, de Juiz de Fora. O problema será a nova orientação que o atual Conselho Diretor – com preocupações já declaradas de seguir ao ritmo do mercado – pretenderá dar à Universidade a partir do novo reitor que, nos bastidores, se comenta possa vir a ser o piracicabano Davi Ferreira Barros, que responde pela universidade metodista em São Bernardo.

A provável designação de Davi Barros para reitor poderá ser uma transição menos traumática, pois Davi, ex-professor e ex-vice reitor da Unimep, conhece a longa história de lutas e a tradição em prol de um ensino de qualidade. Até aqui, a Unimep foi em busca da excelência universitária, recusando-se a “estar no mercado”, como ocorre na maioria dos novos centros universitários, os “colegiões” que, com mensalidade mais acessíveis, verdadeiramente despejam cursos e profissionais em faculdades que se espalham por aí. Basta ver que, em Piracicaba, se instalam as faculdades Anhanguera, já conhecidas pelas facilidades que apresentam a seus alunos e pouco compromisso com a excelência universitária.

Esse será o grande desafio da Unimep, que é uma história também de Piracicaba: manter a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Não se trata de ensinar para o mercado, pois não é esse o espírito do povo piraciabano que tanto se alinhou à sua grande universidade metodista, nem foi o da Igreja Metodista quando o Reverendo Chrysantho César instalou as primeiras faculdades, sementes da Unimep. Há uma luta de Richard Senn, de Elias Boaventura, de Almir Maia, de Gustavo Alvim que não poderá ser jogada fora apenas porque um conselho diretor passageiro prefere acompanhar “leis do mercado” na educação, ao compromisso educacional.

A partir desta semana, na verdade, Piracicaba e a velha guarda da Unimep deverão estar atentas ao que poderá acontecer. Se a guinada da Unimep for mesmo em direção ao mercado, Piracicaba pouco terá a ver com ela. Nosso compromisso, como cidade e como história, é com o nome que tivemos e que a Unimep também encampou: o Ateneo, cá na Atenas Paulista. Que há perigos no ar, lá isso há.

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