Vinho velho em barril novo.

O impressionante em tudo o que está ocorrendo na Unimep – e uma jovem Piracicaba não sabe do que se trata – é que os riscos assumidos, por Davi Barros e o grupo que ele representa, são de suicidas conscientes. Pois estão provocando e desafiando uma explosão de reações, de rivalidades ainda não resolvidas, de disputas pelo poder que se arrastam, na verdade, desde o início da Universidade. As intrigas, os ciúmes e os ódios escondidos não são recentes e nem acontecem gratuitamente. Por isso, quando Davi Barros e Rinalda Cassiano da Silva falam em “novo modelo de universidade”, há que se respeitar, neles, a coragem e o cinismo de ignorarem fatos que se repetem, atitudes que se renovam. O novo, no caso, seriam apenas os barris, pois o vinho é velho.

Davi Barros participou de um movimento, dentro da Unimep, visando à derrubada do então reitor Richard Edward Senn, então responsabilizado por uma série de irregularidades, além dos privilégios concedidos a parentes seus, conforme ata do Conselho Diretor de 12 de novembro de 1977, em que se pediam explicações sobre o fato de “pessoa ligada por grau de parentesco ao Reitor estar aumentando o cargos administrativos que podem e devem ser descentralizados.” 1 Graves problemas já envolviam a Unimep e já atingiam a figura do então Reitor, Richard Edward Senn, cujo poder centralizador era tido como insuportável àquela antiga Igreja Metodista.

Pelo visto, a atual cúpula diretiva da Igreja Metodista – e não há que se esquecer de sua responsabilidade legal como mantenedora – admira, gosta e defende essa nova modalidade de centralização de poder, aplaudindo, inclusive, o nepotismo também adotado agora por Davi Ferreira Barros. O assustador é que, enquanto ele sonega informações que possam comprometê-lo, tem a ousadia de falar em “novo modelo”, em um “novo momento”. Ele usa o barril novo – esse metodismo pentecostal – para as velhas práticas do passado. Cargos de responsabilidade na Universidade estão centralizados na pessoa do Reitor e, na instituição, há apadrinhados cujo grau de parentesco ele não revela. Nem mesmo por sua assessoria de comunicação, que se nega a responder uma simples pergunta: se fulano de tal é ou não cunhado do reitor; se há parentela na cúpula da reitoria e administração. Apenas isso.

Ora, em 1977, Davi Barros participou da elaboração de um documento em que se expuseram falhas e irregularidades na administração do dr. Richard Senn, que acabou renunciando por não resistir aos fatos e aos protestos da comunidade. O dramático e sintomático é que Davi Barros, hoje, diz que o movimento de professores visa a derrubar o reitor, a fazer política, quejandos e etc. Ele, no entanto, foi parte de uma comissão apuradora de irregularidades de Richard Senn e acabou confessando: “Na verdade, a questão de irregularidades administrativas apenas serviu de pretexto para derrubar Richard Senn.” 2

Como se vê, o vezo de enganar, de trair, de mentir, de abafar escândalos é antigo em certos grupos também antigos da Unimep, vinho velho que continua velho mesmo alegando sejam novos os barris. O MEC, numa simples avaliação de portarias ilegais, pode colocar tudo a ruir. E o Ministério Público, se averiguar os tais “aluguéis, donativos, condomínios” – que se mantêm, ainda, na atual administração – poderá fazer o barril explodir. E sobrará cacos para todos os lados. Por isso, que o espírito do bispo Oswaldo Dias da Silva realmente inspire os que ainda tem um mínimo de cautela, de cuidado e de bom senso.

 

Notas:

1- Tratava-se do acúmulo de cargos do genro do dr.Senn, Enoch Martins, conforme registrei no livro de minha autoria, “Ousadia na Educação, Formação da Unimep”, Editora Unimep, 1984.

2- Depoimento de Davi Ferreira Barros ao autor, em 5 de maio de 1994, para o referido livro.

Deixe uma resposta