A charrete e a égua

Nunca deixei de acreditar na redescoberta do belo, na volta do homem aos tesouros da natureza. Creio no eterno retorno e este nada mais é do que a sobrevivência do bom e do belo. A feiura é feia. Ninguém suporta, por muito tempo, feiuras da vida. E a beleza imanta, magnetiza, purifica. Num documento belíssimo, endereçado aos artistas, João Paulo II enfatizou: “o homem precisa da beleza para não cair no desespero.” E não é desesperador pessoas aprisionadas no trânsito, cercadas de automóveis e, em seguida, confinadas nas próprias casas?

Vivo a certeza de a poeira, dentro em breve, vir a baixar.  Os exemplos estão quase ao alcance das mãos. A juventude – seduzida pelas redes sociais – aguarda pelo simples, pelo cativante. E é a beleza que imanta, que convence e atrai. Quanto mais for semeada, mais – qual pólen mágico – espalhar-se-á. Ou há como esquecer casamentos reais que deslumbram com carruagens e cavalos brancos?

Conheci um jovem estranho, silencioso, com aquele ar de singularidade que se não define. Universitário, de família abastada, ele é apaixonado por cavalos. E encantou-se com uma égua, comprando-a logo após um amigo ter-lhe cedido um sítio para acolher o animal. A égua está lá, bem cuidada. Quase diariamente o moço vai ver o animal lustroso, belo. A noiva o acompanha, também cativa da égua exuberante. Sonham em, depois de casados, comprar uma chácara, ter cavalos, cães, carneiros.

Enfim, casaram-se. E eis o sonho realizado:  compraram uma charrete velha, mandaram reformá-la, deixando-a toda bela e formosa.  E o noivo levou a bem-amada na charrete,  a égua do coração conduzindo-os ao encontro do paraíso. A eguinha levou os jovens apaixonados para a lua-de-mel em Anhembi. Uma história atual…

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