Espetáculo Vergonha continua no Clube 13 de Maio até dia 30

Vergonha 4 by ivana debertolis

Crédito: Ivana Debértolis

Continua até o dia 30 de outubro a temporada do espetáculo Vergonha, do Coletivo Bruto. Sob a direção de Paulo Barcellos, a montagem reúne situações reais e de ficção que se entrelaçam com a história brasileira. A peça é apresentada todas as sextas-feiras, sábados e domingos, às 20h, no Clube 13 de Maio. A entrada é gratuita.

O espetáculo é resultado do Projeto Documentário Vergonha, desenvolvido pelo Coletivo Bruto e pela Cooperativa Paulista de Teatro, com apoio do ProAC (Programa de Ação Cultural) Edital 1 – Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro (2015) – realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.

As atrizes e os atores que estão na cena em Vergonha, Carla Sapuppo, Jorge Lode, Maria Tendlau e Raul Rozados, contam ao público situações que viveram ou que escutaram. Ainda que seus relatos sejam muito particulares, também dialogam com situações comuns a diversas pessoas, um retrato ácido cultural e social do país. Eles refletem a construção da ideologia dominante desde a época da ditadura civil-militar no Brasil – período da infância de cada um. Estão presentes na peça a vergonha da família, da casa, da pobreza, de si mesmo, bem como os desejos, aspirações e o resultado disso tudo. O elenco ainda conta com Júlia Gianetti.

Conforme explicou o diretor Paulo Barcellos, “a dramaturgia se utiliza de camadas distintas – relatos reais, História e questões subjetivas de identidade – que vão se costurando numa narrativa única”. Assim, a vivência individual é invadida pelos contextos sócio-políticos do país. “É uma metáfora que vale para todos. Não se trata de fulano ou do sicrano, apenas. Estamos falando de muitos fulanos e sicranos”. Esse pensamento ajudou a refletir a questão ética da peça. “O diálogo e a percepção de que as nossas histórias, na verdade, enquadram uma história maior e coletiva, ajudou bastante no processo”, continua Barcellos. “Agora, não se pode dizer que é fácil expor algumas intimidades, buscar uma sinceridade nos relatos e manter um distanciamento objetivo.”

O texto e as linguagens adotadas foram fundamentais para que a montagem respeitasse essa ética citada por Paulo Barcellos e também ganhasse um caráter de espetáculo teatral. Segundo a atriz Maria Tendlau, com a formatação da dramaturgia, eles puderam se debruçar sobre o material com mais tranquilidade. “Assim, o atrito entre histórias reais e ficção nos possibilitou reconhecer o que faz parte de nossa condição, de fato, e o que é construído por uma propaganda ideológica. O que é vergonhoso nesse caso?”

O diretor levanta ainda outras questões: “Por que temos vergonha de certas coisas? Por que escondemos traços e histórias que formam nossa identidade? O que é vergonhoso? A pobreza, a aparência, os sentimentos? A origem? Ou a vergonha é o fato de ser impotente? O fato de não dizer ‘não’? O fato de fechar os olhos para certas coisas? Ou ainda, o fato de tratar o outro como diferente? O que é vergonhoso?”

 

Sinopse – Três conhecidos de uma localidade do interior recebem um estrangeiro em sua cidade. As quatro figuras trocam relatos íntimos de suas vidas e de seus antepassados. Aos poucos, fica claro que todos esperam um futuro que nunca chega, e a violência entre eles começa a imperar.

Ficha Técnica – Direção: Paulo Barcellos. Elenco: Maria Tendlau, Carla Sapuppi, Jorge Lode, Raul Rozados, Júlia Gianetti. Dramaturgismo: Paulo Barcellos e Maria Tendlau. Colaborador da Dramaturgia: Alexandre Dal Farra. Colaboradora da Perfomance: Eleonora Fabião. Colaborador Cênico: Thiago Antunes. Cenários e Figurinos: Coletivo Bruto. Assessoria em Cenografia: Ivy Calejon, Leandro Bocchio, Cobogó Arquitetura. Iluminação: Paulo Barcellos. Produção Executiva: Gabriela Elias. Assessoria de Imprensa: Naiara Lima. Programação Visual: Clayton Mariano. Operação de Som e Vídeo: Raphael Gomes. Registro de Vídeo: Henrique Inglez de Souza. Fotos de Divulgação: Ivana Debértolis. Técnico de Montagem: André Aro.

 

SERVIÇO

Espetáculo Vergonha, do Coletivo Bruto

Temporada: Até 30 de outubro (sextas-feiras, sábados e domingos)

Horário: 20h

Local: Clube 13 de Maio (rua 13 de Maio, 1.118 – Centro)

Classificação: 16 anos

Entrada gratuita

Informações: [email protected]

 

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