Morre Gustavo Alvim, ex-reitor da Unimep

gustavo

Reprodução: TV Unimep

Gustavo Jacques Dias Alvim, advogado, jornalista e ex-reitor da Unimep, faleceu na manhã desta quarta-feira, 15 de agosto de 2018, aos 81 anos. Alvim estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Unimed Piracicaba, onde havia se submetido a uma cirurgia na última segunda-feira. O velório acontece hoje, das 15h30 às 22h, na Igreja Metodista Central, e amanhã a partir das 6h. O sepultamento está marcado para esta quinta-feira, dia 16, às 10h, no Cemitério da Saudade.

A vida e a carreira de Alvim foram lembradas com destaque no site da Universidade Metodista de Piracicaba. Clóvis Pinto de Casto, também ex-reitor da Unimep, publicou nota nesta manhã sobre o falecimento: “Gustavo Alvim foi uma das pessoas mais fiéis à Igreja Metodista que conheci. Viveu com grandeza de espírito. Parte deixando uma bela obra”, escreveu.

O IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba) também lamentou a morte de Alvim, em nota oficial. Gustavo tem sua história intimamente ligada à história de Piracicaba, da Unimep, d’A Província e também do ICEN (Instituto Cecílio Elias Netto).

Trajetória

Nascido em Vera Cruz, Gustavo Jacques Dias Alvim veio para Piracicaba no ano de 1948 para estudar.

Em 1964, aos 27 anos, tornou-se o diretor dos cursos superiores que compunham a Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administração de Empresas (ECA), implantados no Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista (IEP). Depois, tornou-se diretor da Faculdade de Direito (1970 a 1972).

Trabalhou como vice-reitor administrativo da Unimep nas gestões: 1991/1994, 1995/1998 e 1999/2002; como reitor de 2003 a 2006 e como vice-diretor geral do IEP, de 1991 a 2006. Voltou a ser reitor da Unimep de 2013 – 2016.

Alvim possui graduação em bacharelado em sociologia e política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1959), graduação em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1962), graduação em administração de empresas pela Universidade São Francisco (1975) e graduação em comunicação social habilitação em jornalismo pela Universidade Metodista de Piracicaba (1988).

Diplomou-se também pela Escola de Propaganda de São Paulo (1962). Também é mestre em educação pela Unimep (1992), doutor em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998) e cursou especialização em administração universitária no Instituto de Gestão e Liderança Universitária, com sede no Canadá (1991).

Foi filiado ao ARENA (aliança Renovadora Nacional) e exerceu o cargo de vereador em Piracicaba na legislatura de 1969-1972, sendo presidente da Câmara  de 1972-1973.

Gustavo e A Província

Como jornal impresso, A Província foi fundada em 28 de agosto de 1987, pelos jornalistas Cecílio Elias Netto e Gustavo Jacques Dias Alvim. Durante mais de uma década, com idas e vindas, ela cumpriu o seu propósito e o sonho desenvolvido: recuperar o máximo da memória de Piracicaba, especialmente através da oralidade de seus mais antigos moradores, contar a história do município e da região, com fartura de documentos e de fotos e postais.

Nos anos que seguiram, ainda que não mais envolvido diretamente na coordenação do projeto, Gustavo Alvim continuou sempre apoiando A Província (comandada por Cecílio Elias Netto), que viria a ganhar sua versão online em 2006.

Gustavo Alvim era ainda Conselheiro do ICEN e acompanhou de perto todos os lançamentos de livros e projetos comandados pelo Instituto nos últimos três anos.

Em 2017, em ocasião das comemorações dos 250 anos de Piracicaba, Gustavo Alvim escreveu seu depoimento sobre a cidade aqui para A Província.

“Um homem que viveu com prazer”

A jornalista Beatriz Vicentini, que foi durante muitos anos assessora de imprensa da Unimep, destaca, emocionada, a convivência que manteve com Alvim:

“Difícil será falar de Gustavo Alvim, um homem de múltiplos interesses, dezenas de atividades que aparentemente não pareciam caber em um único espaço. Muitos o lembrarão pelas atividades na área esportiva – no XV, no basquete dos tempos áureos da A.D.UNIMEP, nas partidas que nunca deixou de jogar, ele próprio, no Clube de Campo, com várias gerações que gostavam de basquete. Outros o lembrarão pelas incursões na política,  especialmente aqueles um pouco mais velhos. E há, ainda, o Gustavo metodista, envolvido durante décadas, na construção dos primeiros cursos superiores do Piracicabano, mais tarde vice-reitor e reitor da Unimep.
Prefiro me lembrar do Gustavo que gostava de escrever. Escrever livros, escrever crônicas, ser jornalista. Talvez o prazer lhe viesse tão forte porque era a mais “leve” de suas atividades. Gustavo me emocionou quando aceitou ser revisor de meu primeiro livro, publicado em 2001. Era vice-reitor, repleto de atividades, mas fez aquilo com prazer, no livro que falava também de seus tempos de estudante do Colégio Piracicabano. Depois, vivemos juntos vários embates para garantir que a Universidade pudesse contar com um jornalismo livre e sem censura em seu jornal, quando ainda era assessora de imprensa e ele reitor.
Demorei anos para saber, por ele mesmo, o quanto lhe custara enfrentar um Conselho Diretor que não aceitava aquela prática simples e honesta de se dar a informação do que acontecia e não do que interessava à Igreja. Em anos mais recentes, Gustavo garantiu que a Unimep, através de sua Editora, publicasse um livro sobre os anos da ditadura militar em Piracicaba, sob minha coordenação, cuja edição o Instituto Histórico e Geográfico se negara a manter.
Sem fazer alardes, a verdade é que nunca aceitou nenhum tipo de censura para quem escrevia.
Não me lembro com frequência de um Gustavo Alvim que quisesse confrontar, preferia sempre tentar as composições. Era fácil conviver com ele, sempre calmo, apesar das pressões que a Universidade lhe impôs durante muitos anos. Gustavo procurava e gostava de conversar – e sempre tinha muito assunto para isso. E muitas de suas crônicas – um lado seu talvez pouco conhecido -, ao longo da vida, mostraram justamente este lado de quem gostava
de viver, ir além das atribuições de profissão, de cargos, de compromissos.
As saudades que me ficam é de alguém que foi muito além de tudo que seu currículo – imenso – irá mostrar. Fico com o lado humano de alguém que certamente será lembrado com carinho por todos aqueles que tiveram o prazer de com ele conviver um pouco mais diretamente. Alguém que viveu com prazer”.

2 comentários

  1. Cássio Ruas de Moraes em 17/03/2019 às 12:27

    Desde sua chegada a Piracicaba em 1948 morou à rua 13 de maio, vizinho de frente à nossa casa e logo nos tornamos amigos, e aderiu naturalmente à turma do quarteirão. Como mais velho e já como uma amostra de seu espírito de organização e iniciativa que pautaria posteriormente sua vida adulta, organizou durante os próximos anos o campeonato do jogo de botões da turma. Ficou como uma fase inesquecível de nossa infância. Campeonato este que tinha de tudo: torneio-início (!),tabela, mando de jogos, arbitragem, e até livro de súmula! Depois crescendo e vindo estudar em outra cidade, onde depois instalei domicílio, vivemos vidas com pouco ou nenhum contacto, mas sempre acompanhei sua carreira exemplar. Já ambos em idade avançada, confesso que estava a procurar contacto com o Gustavo para um balanço nostálgico de nossa amizade e da vivência de nossa infância nos tempos da 13 de maio. Porém a vida não espera e tardei muito para esta modesta homenagem.
    Cássio Ruas de Moraes, médico em Ribeirão Preto.

  2. Cassio Ruas de Moraes em 17/03/2019 às 12:36

    OK, gostaria de deixar este registro. Não vi informação sobre a infância e adolescência do Gustavo, passada na rua 13 de maio, onde era o consultório do Dr. Alvim. Minha casa era outro consultório, o do meu Pai, Dr. Tito. Vizinho à nossa esquerda ainda tinha o do Dr. Zeferino Bacchi.
    Gostaria de acrescentar cumprimentos ao Cecílio, outro contemporâneo que acompanho com orgulho.

Deixe uma resposta