Piracicaba celebra o centenário da Estação Paulista

O centenário da Estação Paulista foi comemorado em solenidade conduzida pela Secretaria da Ação Cultural (Semac), em 29 de julho. A comitiva oficial partiu da Estação de Tupi – que também completou cem anos na mesma sexta-feira – em direção à Paulista.

O prefeito Luciano Almeida falou sobre a relevância da Estação da Paulista para o desenvolvimento da cidade, que hoje é um marco histórico. “A cidade faz 255 anos e dois dos nossos equipamentos estão completando cem anos. É um marco histórico, um momento importante da nossa história, que deve ser preservado”, disse.

“A Estação da Paulista é um dos principais símbolos históricos do município e muito mais que um cartão-postal. Esse espaço transborda em história no que diz respeito ao desenvolvimento da cidade e do estado, pois é referência para o comércio e cultura de nossa Piracicaba, e também teve destaque como ponto de partida para combatentes na Revolução Constitucionalista de 1932”, destacou Hermes Balbino, ordenador de despesas da Semac.

Atrações culturais e homenagens

A solenidade contou com apresentação musical da banda União Operária e lançamento do livro “Centenário da Paulista”, do ilustrador Antonio Godoy. O livro aborda história que mescla ficção e datas comemorativas da Estação da Paulista.

Na sequência, patronos e ex-funcionários da Estação receberam homenagens pelos serviços prestados à companhia ferroviária e ao município. Um dos homenageados foi Reinaldo Butinhão, que atuou como supervisor de linha na Estação da Paulista entre os anos de 1964 e 1991. Segundo Butinhão, o trabalho era pesado, mas muito satisfatório. “A gente trabalhava bastante, mas gostava do serviço. Era uma época muito boa. Fico feliz com essa homenagem, porque é uma celebração do passado, de um lugar que foi bom para todos, para a cidade”, diz.

Também foram homenageados: Antônio Luiz Faelis, supervisor de linha da Ferrovia Paulista de 1969 a 1996; e Antonio Polizel, manobrador da estação de 1964 a 1993; José Paulino Filho, que foi chefe da estação.

A pianista Maria Dirce de Almeida Camargo, que dá nome ao Armazém Cultural da Estação da Paulista, também foi enaltecida. Falecida em 1998, Maria Dirce teve papel importante na cultura piracicabana. Participou ativamente da fundação da Sociedade de Cultura Artística e, em 1953, com o casal Mahle, fundou a Escola Livre de Música Pró Arte de Piracicaba, a qual dirigiu por muitos anos. Ajudou a formar a primeira Orquestra Infantil de Piracicaba, em 1955.

Casada com Joaquim Cypriano de Camargo, Maria Dirce teve quatro filhos. Entre eles, Antonia de Almeida Camargo, que conta: “Minha mãe, em sua juventude, muitas vezes saía sozinha de Piracicaba para estudar música na capital e os trens que partiam da Estação da Paulista eram os únicos meios de transporte. Então, a história de minha mãe foi desenhada em conjunto com a história da Estação porque a vida dela passou muitos anos por ali”.

Outra personalidade homenageada foi José Nassif (já falecido, dá nome à Estação do Idoso), pelos relevantes serviços prestados ao povo piracicabano. Filho de imigrantes libaneses, Nassif foi um homem presente no comércio piracicabano, atuando especialmente no bairro Paulista. “A família Nassif adquiriu em Piracicaba, em 1938, um sobrado na rua do Rosário, esquina com a avenida Dr. Edgar Conceição. Esse sobrado tinha sido o primeiro a ser construído na Paulista, em 1934”, explica João Umberto Nassif, filho de José Nassif.

Após a aquisição da residência, José Nassif passa a atuar ativamente no bairro, como comerciante e também como orientador para muitos moradores das redondezas. Uma curiosidade narrada por João Umberto é que a primeira agência bancária do bairro Paulista (Nossa Caixa, Nosso Banco), foi uma conquista alcançada graças aos esforços de seu pai. “A Estação da Paulista, dentro de todo esse enredo, foi uma revolução para Piracicaba, porque foi o primeiro grande passo para o progresso não apenas da Paulista mas da cidade toda. Essa homenagem, que recebo em nome de nossa família, é muito gratificante. É também uma homenagem, um reconhecimento a Piracicaba”, ressalta.

Também entre os homenageados, Antonio Pacheco Ferraz – que designa o Centro Cultural – foi representado pelo filho Antônio Pacheco Ferraz e sua esposa, Maria Kato Ferraz.

O evento foi encerrado com o descerramento das placas alusivas ao centenário.

A Estação Paulista

Inaugurada em 1922, a Estação da Paulista recebeu esse nome para diferenciar da Sorocabana, que ficava há apenas dois quilômetros de distância. Sua construção teve início em 1916, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro, em terreno doado por João Baptista da Rocha Conceição, médico e ex-vereador de Piracicaba.

Transportou passageiros até o ano de 1977, ficando apenas com o transporte de cargas. Funcionou até a década de 1990, quando houve o encerramento dos cargueiros e, consequentemente, da Estação e da linha férrea. Atualmente é mantida pela Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), como espaço para o desenvolvimento de atividades culturais.

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