Salão de Belas Artes comemora os 50 anos da Pinacoteca Miguel Dutra

Em cinco décadas, a Pinacoteca Municipal Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra acolheu exposições de grandes obras assinadas por artistas renomados de todo o Brasil. Agora, seus 50 anos estão sendo comemorados com os eventos: deposição de cápsula do tempo e a 67ª edição do Salão de Belas Artes (SBA) – um dos mais apreciados e respeitados do país.

2 – Pinacoteca Municipal – arquivo

Pinacoteca Municipal de Piracicaba (foto: divulgação)

Salão de Belas Artes

A solenidade de abertura do LXVII Salão de Belas Artes aconteceu dia 03 de agosto. Neste ano, o salão recebeu 77 inscrições de 223 obras. Dessas, 86 foram selecionadas de 43 artistas advindos de 38 cidades e Estados como São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Durante o evento, também serão entregues medalhas comemorativas aos 50 anos, à instituições e personalidades locais – entre elas, o jornalista e escritor Cecílio Elias Netto e o ICEN, o instituto que leva o seu nome.

O Salão de Belas Artes foi o evento que inaugurou a Pinacoteca por ocasião do aniversário da cidade. Sua entrega oficial aconteceu em 29 de janeiro de 1969, e o XVII SBA inaugurou o novo prédio construído no antigo Jardim do Gavião, em 02 de agosto do mesmo ano. Seu projeto foi assinado pelos arquitetos João Chaddad, Cyro Gatti e Walter Naime.

Cápsula do tempo

A cápsula foi depositada no dia 02 de agosto, na praça Almeida Junior. O objetivo é que, daqui a 50 anos, quando a instituição completar 100 anos, seja aberta, revelando curiosidades de 2019 e outros.

Medindo 45 centímetros de comprimento, o estojo terá documentos históricos sobre a Pinacoteca; Atas do XVII SBA na inauguração em 02 de agosto de 1969; textos do prefeito Barjas Negri e da secretária da Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese; fotos de autoridades locais; fotos e catálogos dos salões abrigados pela galeria, como o Salão de Belas Artes, Salão de Aquarelas e de Arte Contemporânea. Além desses materiais, também serão depositados textos de artistas da cidade de Piracicaba e o livro “Piracicaba – A Florença Brasileira”, de Cecílio Elias Netto.

Pelas galerias da Pinacoteca já circularam grandes nomes da arte brasileira. Archimedes Dutra, João Dutra, Alipio Dutra, Antonio de Pádua Dutra, Maria Bonomi, Leda Catunda, Eugênio Luiz Losso, Mira Schendel, Fortunato Losso Neto, Antonio Pacheco Ferraz, Renato Wagner, Manoel Martho, Hugo José Benedetti, Alberto Thomazi, Alfredo Rocco, Gino Bruno e Alfredo Oliani foram alguns deles. Suas obras fazem parte do acervo da Pinacoteca, que, atualmente, reúne em torno de 900 trabalhos em óleo, acrílico, desenhos, aquarelas, nanquim, esculturas e objetos.

Para a secretária da Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese celebrar os 50 anos da galeria é como prestigiar os muitos artistas que participaram das  exposições neste local. “Piracicaba é privilegiada por contar com esse ‘edifício majestoso’ construído especificamente para ser Pinacoteca – o abrigo das obras de arte do município”, comenta.

A Pinacoteca Municipal Miguel Dutra

No início dos anos de 1950, o pintor Archimedes Dutra voltava de uma viagem à Europa, encantado com o conceito que vira de ‘pinacoteca’. O prefeito Luciano Guidotti também se entusiasmou e decidiu realizar o projeto. A começar pela escolha do terreno, nada foi fácil. O único que pertencia ao município e estava disponível, era o chamado ‘jardim da cadeia’. Uma área em acentuado declive, cheia de rochas, ruim para receber um prédio e também não havia verba pública para construção. Voluntarioso, o próprio prefeito Luciano assumiu a verba e, para o desafio de projetar e construir numa área tão acidentada, chamou os arquitetos João Chaddad, Walter Naime e Cyro Gatti.

Em agosto de 1969, comemorando o aniversário da cidade, era entregue a “Casa das Artes”, desejada pelos artistas que pediam um abrigo para o Salão de Belas Artes (SBA) iniciado em 1953. Desde julho de 2001, o espaço é chamado Pinacoteca Municipal Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra.

Poucas cidades do Estado e do país têm essa predisposição para as artes plásticas. Depois do SBA, em 1967, surgia o Salão de Arte Contemporânea (SAC) e em 2015, o primeiro Salão de Aquarelas (SAP). O espaço também abriga eventos como a Mostra Almeida Jr. e Salão Joca Adamoli de Arte Contemporânea, realizados pela da APAP (Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos), exposições coletivas e individuais, cursos, palestras, oficinas e workshops.

Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra

Miguelzinho Dutra, como era conhecido, nascido em Itu no dia 15 de agosto de 1812, foi um artista de notável talento, cuja contribuição para a história artística da cidade iniciou uma verdadeira escola dentro do estilo realista. Foi um multiartista, com interesses em aquarela, escultura, música, ornamentação festiva, escultura religiosa, engenharia, poesia, desenho e pintura. Foi também o primeiro pintor com cavalete ao ar livre de que se tem notícia, fato agora resgatado com sucesso pelos Caipiras do Plein Air, que reúne os contemporâneos adeptos da modalidade. A arte de Miguelzinho se prolongou pelas gerações seguintes, sendo sucedido pelo seu neto Joaquim Miguel Dutra, o grande pintor da Rua do Porto e, posteriormente, seus bisnetos Alípio, João, Antonio de Pádua e Archimedes, que perpetuaram na tela e no papel a época em que viveram.

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