Tributo à atriz de teatro de revista, que viveu em Piracicaba

Teatro-Lyson-Gaster_foto-Sillas-H_1

(Foto divulgação: Sillas H.)

“Lyson Gaster no Borogodó” é a peça de teatro que homenageia a atriz e cantora nascida na Espanha, naturalizada brasileira e criada em Piracicaba. Lyson Gaster atuou no período de 1920 a 1948. A estreia acontece nesta sexta-feira, dia 06, e fica em cartaz até o dia 15 de dezembro no Teatro Alfredo Mesquita, em São Paulo capital. Em janeiro, uma segunda temporada acontece no Teatro Itália, também em São Paulo, de 18 de janeiro a 15 de fevereiro.

“Um genuíno musical brasileiro”, a peça tem pesquisa de Maria Eugenia de Domenico; dramaturgia de Fábio Brandi Torres; direção e figurinos do piracicabano Carlos ABC; produção e cenários do também piracicabano Marcos Thadeu; e direção musical de Tato Fischer. O espetáculo retrata aspectos da vida da atriz Lyson Gaster, revigorando fatos importantes dos palcos brasileiros e resgatando parte da história cultural do País. Por seu talento e coragem, ela foi elogiada por artistas e críticos como Procópio Ferreira, Henriette Morineu, Pedro Bloch, Rachel de Queiroz, Paschoal Carlos Magno, Eva Todor, Mario Lago e Nelson Rodrigues, entre outros.

No palco estão oito atores: Bruno Parisoto, Felipe Calixto, Alexia Twister, Tiago Mateus, André Kirmayr, Marcos Thadeu, Giovani Tozi e Patrick Carvalho. A música ao vivo conta com Tato Fischer ao piano e Henrique Vasques no acordeom e cajón.

A desbravadora Lyson

lyson-gaster

Lyson Gaster: uma das pioneiras do teatro mambembe. (foto: acervo “A Província”)

“Ela era a estrela da companhia que tinha o seu nome, às vezes só ‘Companhia Lyson Gaster’, às vezes ‘Companhia de Comédia Lyson Gaster’”, conta Eugenia. “Ela exercia uma liderança absurda, era uma companhia grande, eles viajavam o Brasil todo, não só o interior de São Paulo”, continua.  “Imagine, naquela época não havia teatro nas cidades, a companhia montava os espetáculos em cinemas, que geralmente possuíam palcos. Ao lado do segundo marido, ela foi desbravadora, corajosa e conseguiu ganhar dinheiro, formou os dois filhos (um em Engenharia, outro em Medicina), que moravam em São Paulo com os avós. Foi absolutamente bem-sucedida, empregava as duas irmãs com os maridos e o irmão na companhia, numa composição familiar. Trabalhou por 30 anos, faleceu aos 74 e quando parou de trabalhar, tinha duas casas – uma no Rio de Janeiro, outra em Teresópolis.”

Filha de imigrantes espanhóis que chegaram em Piracicaba no final do século 19, casou-se aos 17 anos e logo teve filhos. Separada, mudou-se para São Paulo com os pais e trabalhou como modista num ateliê da rua Conselheiro Crispiniano, onde conheceu artistas de teatro que a levaram para o palco. Pisou no tablado pela primeira vez em 1919, na época dos discos de 78 rotações, adotando o nome artístico que tomou emprestado de uma personagem de um romance francês.

Ligou-se a várias companhias de teatro, com as quais viajou pelo Interior de São Paulo, entre elas a Companhia Cassino Antarctica e a trupe Teatro Novo. Integrou o elenco da Cia Zaparolli, ao lado de Manuel Pera, pai da atriz Marília Pera. No Rio, juntou-se a Cia Juvenal Fontes até se casar, em 1922, com Alfredo Viviani. Com o marido, participou da Cia. Nair Alves e Sebastião Arruda, até o casal montar a própria companhia, a Companhia Lyson Gaster, onde o teatro de revista era o ponto forte. Os dois excursionaram pelo Brasil todo. Era a época de Dercy Gonçalves, Oscarito, Henriquieta Brieba, Zilka Salaberry e Mara Rúbia, entre outros. Lyson naturalizou-se brasileira nos anos 40 e deixou o teatro em 1950. Viviani foi contratado pela Rádio Nacional, onde permaneceu em atuação até 1963.

Na direção, o piracicabano Carlos ABC

A encenação de Carlos ABC tem cenas de humor, músicas, figurinos e cenários típicos. Personagens revisteiros permeiam a narrativa, como caipiras, portugueses, coristas e vedetes. “Tudo o que representa o Teatro de Revista e suas convenções estão preservadas na montagem”, informa Carlos. As músicas, clássicos populares da época, ilustram a temática e ajudam a tornar leve o desenrolar dramático. A cenografia conta com telões de grandes dimensões e a indispensável escadaria, peça característica do teatro de revista, entre outros elementos cênicos que entram e saem, de acordo com as cenas. Carlos ABC, que também assina o figurino, conta que as peças “seguem os modelos da época e convidam o público a um mergulho no passado, já que o espetáculo expõe passagens da vida da atriz e do aspecto alegórico do teatro dentro do teatro de revista, da magia dos musicais”.

Serviço:

“Lyson Gaster no Borogodó” – peça de teatro tem duas temporadas em São Paulo: no Teatro Alfredo Mesquita (de 06 a 15/dezembro) e no Teatro Itália (de 18/janeiro a 15/fevereiro).

Deixe uma resposta