A Marrom no dois pra lá, dois pra cá

Biscoito Fino

Curiosa a relação da crítica com Alcione, a Marrom, em seus mais de 40 anos de carreira. Sempre se diz que sua voz é acima de qualquer suspeita, assim como a categoria da interpretação, mas ao mesmo tempo se sempre se torceu o nariz para o seu repertório, definido em geral como “de segunda”.

São aqueles sambas-canções do tipo “ele é um cachorro, boêmio sem vergonha mas o que eu posso fazer se eu sou louca por ele?” E há exemplos aos montes, como Nem Morta, Menino Sem Juízo, Garoto Maroto, Sufoco, e tantos outros. Canções que o público dela ama.

Esperta, Alcione nunca deu bola para as críticas, mas também não radicalizou. Ela se divide entre canções consideradas “de classe” pelos mais elitistas e se derrama naquelas odes ao amor. Aqui, a Marrom escolhe um ritmo romântico por definição. Na seleção gravada ao vivo na Cidade das Artes carioca, ela inclui músicas que não se pensaria de cara como bolero, casos de Gracias a La Vida, de Violeta Parra, ou Corsário, de João Bosco e Aldir Blanc. E manda ver em espanhol (Escribeme) ou português (Que Queres Tu de Mim, Risque, Quase, Pra Você, Segredo, Abandono). Para corações apaixonados e assumidos.