Talento na cabeça

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Geovani Martins

Há uma nova estrela na literatura brasileira. Que foi o primeiro entrevistado deste ano do Conversa com Bial e recebeu o seguinte elogio de Milton Hatoum: “Se Lima Barreto fosse vivo, gostaria de ler esses contos”. O nome dele é Geovani Martins, carioca de Bangu, e seu livro de estreia se chama O Sol na Cabeça.

O rapaz surge com força porque, em sua escrita, fala de algo que conhece na veia, sem precisar de alguém da “casa grande” – deste Brasil cada vez mais dividido – traduza seus sentimentos. Ele fala do cotidiano dos moleques do subúrbio carioca que percorrem as ruas e só são vistos em momentos de tensão.

O conto Rolezim – escrito como eles falam, sem a norma culta da gramática – mostra uma turma de adolescentes descendo o morro para ir à praia e enfrentando a marcação cerrada da polícia. A História do Periquito e do Macaco fala sobre a instalação da UPP na Rocinha, vista como remédio pela classe média, mas o povo da favela nunca pensou assim. Estação de Padre Miguel retrata os garotos enfrentando outros inimigos: os traficantes e seus pesados fuzis.

Geovani foi descoberto em oficinas literárias na periferia, depois de trabalhar desde criança, em funções tão diferentes, como homem-placa, atendente de lanchonete e recepcionista de bufê infantil. Surge com força e autenticidade. Simplesmente brilhante.

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