A aquarela musical de Ary Barroso

ary barroso

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Por causa de sua imortal composição Aquarela do Brasil, e de tantas outras canções, como Na Baixa do Sapateiro e No Tabuleiro da Baiana, muita gente pensa que Ary Barroso era baiano. Engano. Ele nasceu em Ubá, interior de Minas Gerais, em 7 de novembro de 1903. Filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso e Angelina de Resende. Aos 8 anos, órfão de pai e mãe, Ary foi adotado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende.

Estudou piano com a tia, Ritinha, e aos 12 anos já atuava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, de sua cidade natal, tocando durante os filmes mudos. Aos quinze, compôs sua primeira canção, o cateretê De Longe. Foi ao Rio de Janeiro em 1921, para estudar direito na Universidade Federal, e nunca mais deixou a cidade. Porém, adepto da boemia, larga os estudos no segundo ano para tocar piano em cinemas como o Íris e na sala de espera do Teatro Carlos Gomes. Retoma os estudos e se forma em 1929. Começa a compor com Lamartine Babo, seu colega de classe, e tem seu primeiro sucesso gravado por Mário Reis, Vamos Deixar de Intimidade.

Nos anos 1930, começa a criar canções para o teatro de revista carioca. É aí que surge seu maior sucesso, Aquarela do Brasil. A canção foi gravada primeiramente por Aracy Cortes, mas virou popular na voz de Francisco Alves. Teve centenas de regravações, de artistas brasileiros e estrangeiros.

Aquarela do Brasil marcou a estreia de um gênero novo na música popular brasileira, o samba-exaltação, que louvava o país, isso em plena época do governo Getúlio. Nessa seara, teve diversos sambas gravados por Carmen Miranda, como Na Batucada da Vida, Eu Dei e No Tabuleiro da Baiana.

Logo tanto ele quanto a cantora começaram a chamar a atenção de Hollywood. Ela virou estrela internacional e ele ganhou diploma da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pela trilha sonora do filme Você Já Foi à Bahia?

Porém, ao contrário de Carmen, preferiu ficar no Brasil. A partir de 1943, mantém o programa Calouros em Desfile, na Rádio Cruzeiro do Sul, por onde passaram vários artistas. Até Elza Soares, que conta ter sido humilhada por ele quando, magrinha e desajeitada, foi interrogada de que planeta veio. E ela respondeu, na lata: “Vim do planeta fome, seu Ary!”

Ary era conhecido pelo gênio forte e sempre envolvido em polêmicas. Foi também locutor esportivo, apesar de não esconder sua paixão pelo Flamengo. A atuação como compositor continuava, recebendo uma indicação ao Oscar de melhor canção original em 1945, por Rio de Janeiro, tema de filme americano e gravada aqui por Dalva de Oliveira.

Ao todo, ele compôs 264 canções, sendo o autor mais gravado por Carmen Miranda, com 30 músicas. Continuou na ativa até o final da vida. Morreu em 9 de fevereiro de 1964, em virtude de cirrose hepática, agravada pelo alcoolismo que nunca conseguiu dominar. Era domingo de Carnaval e o Império Serrano desfilaria naquela noite louvando o compositor. A escola era considerada a favorita naquele ano, massa notícia fez com que fizesse um desfile frio. O samba-enredo, porém, passou para a história: Aquarela Brasileira, composto por Silas de Oliveira.

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