As escolas de samba

História do Carnaval

Desfile nos anos 50

Qual foi a primeira escola de samba do Brasil? Mangueira? Portela? Salgueiro? Não, a pioneira tinha um nome divertido: Deixa Falar. Talvez por que na época em que foi criada, em 18 de agosto de 1928, o samba era visto com bastante preconceito, “coisa de malandro”, como dizia a elite carioca.

O fundador foi o lendário sambista Ismael Silva, que teve como parceiros na criação Nilton Bastos e Sílvio Fernandes, entre outros. As cores da escola eram o vermelho e o branco. Sua origem era o Morro do São Carlos, no bairro do Estácio. O nome escola aconteceu porque tinha uma pequena quadra, na Rua Estácio, que ficava ao lado de uma Escola Normal. Sua história foi interrompida nos anos 60, depois surgiu rebatizada como Unidos do São Carlos. Mais tarde virou Estácio de Sá, que se mantém até hoje. As cores ficaram as mesmas.

Com a sua criação, logo surgiram outras, com nomes jocosos como Vizinha Faladeira, Cada Ano Sai Melhor, Estação Primeira e Vai Como Pode. As duas últimas foram o ponto de partida das gloriosas Mangueira e Portela, até hoje em atividade em alta no Carnaval carioca.

A origem da Mangueira está no Bloco dos Arengueiros, formado só por homens que saíam para fazer bagunça, ao contrário dos comportados blocos familiares. Eles desfilavam vestidos de mulher, na Praça Onze, e brigavam com integrantes de outros blocos. Até que, cansados de tanta briga, decidiram criar uma escola de samba que reunisse o pessoal do Morro da Mangueira. Entre os fundadores estavam Angenor de Oliveira (Cartola) e Carlos Moreira de Castro (Carlos Cachaça). O nome escolhido foi Estação Primeira de Mangueira, por ser a primeira parada da Central do Brasil. Cartola definiu as cores verde e rosa, que lembram a árvore, apesar de a combinação ser considerada de mau gosto por alguns.

A Portela, que tem a honra de ser a única agremiação que participou de todos os desfiles e a que tem mais títulos (o último neste ano), surgiu no bairro de Oswaldo Cruz, na região de Madureira. Foi a primeira campeã, em 1929 em desfile não oficial, e a mais atual. Entre os fundadores estavam Paulo Benjamin de Oliveira, o Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres e Alcides Dias Lopes, conhecido como Malandro Histórico.

A Portela é responsável por grandes invocações no começo do carnaval. Em 1935, apresentou aquela que é considerada a primeira alegoria, um pequeno globo terrestre estilizado. Quatro anos mais tarde, trouxe o primeiro samba-enredo da história, de Paulo da Portela, uma ode aos professores.

E é justamente na criação de grandes sambas feitos para os desfiles que reside a maior importância das escolas de samba para a música popular brasileira. Até 1946, as escolas cantavam vários sambas e improvisavam durante o desfile, com sambas que nem faziam alusão ao enredo escolhido. Naquele ano, a Prazer da Serrinha (depois Império Serrano) cantou na avenida Conferência de São Francisco, de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola, até hoje tidos como os maiores compositores do estilo. O Império é também pioneiro em ter um samba gravado, o que aconteceu em 1955, quando Tiradentes foi registrado em disco por Roberto Silva.

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