As marchinhas do Braguinha

braguinha 1

Braguinha

Braguinha era o nome pelo qual ficou conhecido Carlos Alberto Ferreira Braga, filho de tradicional família carioca do começo do século 20. Na verdade, ele assinava a maioria de suas canções com outro nome: João de Barro. Isso porque o núcleo familiar não via com bons olhos ele se dedicar à música, ainda mais tão populares, como sambas e marchinhas de carnaval.

Ele é um dos autores mais longevos da MPB – morreu em 24 de dezembro de 2006, aos 99 anos – e, mais importante que isso, o mais produtivo, pois assinou mais de 400 canções, sozinho ou em parceria. Braguinha estudou arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes. Vem daí outra razão para o pseudônimo João de Barro, que é o pássaro arquiteto.

Logo em 1932, resolve deixar a arquitetura para se dedicar totalmente à música. Integra o Bando de Tangarás, ao lado de Noel Rosa, Alvinho e Almirante. Dois anos depois, consegue os primeiros sucessos na folia com Moreninha da Praia e Trem Blindado. Mas a parceria mais famosa com Noel foi As Pastorinhas, que na primeira gravação tinha o título de Linda Morena e uma letra diferente.

Em 1937, faz letra para uma canção de Pixinguinha, Carinhoso, que se tornou uma das mais cantadas até hoje. Há quem afirme que Carinhoso é a música mais querida do brasileiro e não há quem não a conhece. Foi gravada primeiramente por Orlando Silva e depois por dezenas de intérpretes, de Dalva a Oliveira a Elis Regina e Marisa Monte.

Foi diretor artístico da gravadora Columbia, depois CBS e mais tarde Sony, e lançou vários nomes famosos. Também ficou conhecida a sua coleção Disquinho, em que fazia adaptações de histórias infantis famosas para o público brasileiro, como Branca de Neve e os Três Porquinhos. Em 1938, alcançou sucesso com Touradas em Madri e Yes Nos Temos Banana. A primeira foi cantada pelo Maracanã lotado em 1950, na Copa do Mundo, quando o Brasil goleou a Espanha por 5 a 2.

Braguinha também fazia versões de canções americanas, como Valsa da Despedida, feita para o filme A Ponte de Waterloo. Foi ele quem colocou versos brasileiros em duas melodias de Charles Chaplin, Sorri e Luzes da Ribalta. Nos anos 40, dedicou-se também ao samba-canção, com Copacabana, gravada por Dick Farney.

As marchinhas, porém, eram seu forte. Até hoje algumas delas, como Chiquita Bacana, Tem Gato na Tuba, Pirata da Perna de Pau e A Mulata é a Tal são relembradas. Em 1979, Gal Costa regravou Balancê, anteriormente lançada por Carmem Miranda, e colocou Braguinha de novo em destaque no cenário da música popular brasileira. Cinco anos mais tarde, a Mangueira, na inauguração do Sambódromo, homenageou o compositor com o enredo Yes Nós Temos Braguinha e foi a campeã do carnaval carioca.

 

Deixe uma resposta