Chaplin, eterno e genial

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Astro maior da era do cinema mudo, Charles Chaplin manteve a fama até os dias de hoje e talvez seja a figura mundial da sétima arte mais lembrada. Seu estilo, influenciado pela mímica e pela pantomima, foi e é cultuado por artistas que vão de Rowan Atkinson (o Mister Bean) a Federico Fellini, do galão Johnny Depp ao ácido Sacha Baron Coen.

Chaplin não apenas atuava, mas escrevia, produzia e dirigia seus filmes. Criou um personagem inesquecível, o vagabundo aparentemente ingênuo que no entanto desmontava a hipocrisia da sociedade. No Brasil ele era conhecido como Carlitos e recebeu um belo poema de Carlos Drummond de Andrade em sua homenagem.

A carreira de Chaplin na arte durou 75 anos, desde quando era menino e fazia figuração no teatro de variedades. A vida era difícil, ele e o irmão Sidney chegaram a passar fome e a mãe Hanna, com problemas mentais, vivia sendo internada. O pai era alcoólatra e pouco via o filho. Chaplin morou um tempo em orfanatos por conta da família disfuncional.

Charlie logo conseguiu uma vaga no teatro de variedades de Fred Karno, em Londres, e com a companhia visitou os Estados Unidos em duas ocasiões: 1910 e 1912. Acabou ficando na América, onde sua carreira no cinema começou. Mas o primeiro filme, Making a Living, foi um fracasso e o produtor Mack Sennet achou que havia cometido um erro ao dar uma chance a ele.

Logo ele deu a volta por cima ao criar seu personagem inesquecível, The Tramp, o andarilho pobretão mas que tem maneiras refinadas, usando chapéu coco e bengala. Os primeiros filmes seguiam o padrão do estúdio Keystone, com pastelão e gestos exagerados. Quando assumiu o controle da carreira, Chaplin acrescentou sentimentalismo aos roteiros. O grande sucesso aconteceu em 1921, com O Garoto, que foi elogiado até pelo papa.

Nessa altura, Chaplin já havia fundado, ao lado de Douglas Fairbanks e Mary Pickford, a United Artists. Começava sua fase de ouro, com um êxito atrás do outro: A Corrida do Ouro (1925), O Circo (1928), Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1934). Chaplin demorou a se render ao cinema falado, inaugurado por O Cantor de Jazz em 1927.

Seu primeiro filme sonoro foi O Grande Ditador, de 1940, um ato de rebeldia contra Hitler antes mesmo de a América entrar na Segunda Guerra Mundial. Chaplin aproveitava a semelhança de seu bigode com o ditador alemão, a quem retratou com ironia cruel. O discurso final é lembrado até hoje.

A partir daí, seus filmes começaram a ficar mais espaçados e Luzes da Ribalta, grande sucesso, só veio nos anos 1950. Nessa época começaram seus problemas com o Comitê de Atividades Anti-Americanas, o macarthismo, já que ele nunca escondeu sua inclinação política de esquerda. Em 1952, logo após a estreia de Luzes da Ribalta, foi para a Inglaterra e não mais voltou. Só recebeu um Oscar honorário, pelo conjunto da carreira, nos anos 70. Foi injustiçado no final da vida, mas seu nome ainda é lembrado, ao contrário dos inimigos. Morreu na noite de Natal de 1977, durante o sono em sua mansão em Vevey, na Suíça.

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