Chorinho bem brasileiro

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O chorinho foi, de fato, o primeiro ritmo musical brasileiro a se tornar popular. As primeiras décadas do século passado marcaram o grande sucesso das rodas de chorões. Quanto ao nome, os pesquisadores musicais divergem. Uma parte afirma que vem da fusão de choro com chorus (coro). Mas estudiosos como Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão destacavam que se deve à maneira triste com que os músicos tocavam as músicas estrangeiras, logo apelidadas de “música para chorar”.

Já o folclorista Câmara Cascudo dizia que o termo vinha de xolo, tipo de baile que reunia os escravos da fazenda. O certo que é a partir da década de 1910, chorinho não era mais o nome das reuniões, mas sim do ritmo que atraia povo e elite.

No começo, a formação clássica dos grupos de chorões era flauta, violão e cavaquinho. O maior organizador desses primeiros grupos era Joaquim Antonio da Silva Calado, o Calado, como era conhecido. Como era o titular da cadeira de flauta do Conservatório Imperial, Calado tinha facilidade em reunir músicos, que naqueles tempos atuavam por puro prazer e não faziam da música uma carreira. Seu grupo, O Choro do Calado, se reunia de forma improvisada, sem ideia do repertório ou mesmo da quantidade de integrantes. Mas seu aluno Viriato Filgueira e a grande amiga Chiquinha Gonzaga eram frequentadores assíduos.

A partir do século 20, outros instrumentos passaram a fazer parte do choro, como o bandolim, a clarineta, o saxofone e o trombone. Os conjuntos de choro passaram a ser muito requisitados para gravações fonográficas, que começaram no Brasil em 1902. O compositor Anacleto de Medeiros, regente da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, misturou o ritmo com o xote e a polca, e o adaptou para as bandas.

Considerado sucessor de Calado, o flautista Patápio Silva foi o primeiro a registar um solo do instrumento em disco. João Pernambuco, autor de Sons dos Carrilhões, trouxe para o choro elementos regionais nordestinos e fez com que o violão deixasse de ser mero coadjuvante. Autor de clássicos como Brejeiro (1893), Odeon (1910) e Apanhei-te Cavaquinho (1914), Ernesto Nazareth rompeu as fronteiras entre a música erudita e popular.

Mas foi Pixinguinha quem definiu a forma do choro brasileiro. Músico versátil, a partir de 1919 ele forma o grupo Os Oito Batutas, que também contava com Donga e João Pernambuco na formação. Levou o ritmo de vez para a elite, que passou a não ter mais preconceito em gostar de chorinhos e maxixes. Porém, quando lançou seu maior sucesso, Carinhoso, em 1916, foi criticado pelos puristas por incorporar elementos de jazz.

O fato é que o chorinho sempre foi um gênero musical que não se fechava à junção com outros. Na década de 20, o maestro Heitor Villa-Lobos lançou 16 canções dedicadas ao choro. Na mesma época, com a chegada do rádio, músicos como Luperce Miranda, Zequinha de Abreu, Altamiro Carrilho e Artur Poyares começaram a fazer sucesso. Porém, passou um bom tempo esquecido, sendo recuperado a partir dos anos 70.

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