Comédias românticas clássicas

levada

Cary Grant e Katharine Hepburn

As comédias românticas de Hollywood que fizeram grande sucesso nos anos 30 e 40 eram conhecidas como screwball comedy, nome que veio do beisebol, o mais americano dos esportes. A tradução seria comédia maluca. A ideia principal, segundo o crítico Ed Sikov, é a de que “o amor só poderia florescer por meio de desentendimentos”. Por isso, na trama, a mocinha e o mocinho enfrentam todo tipo de encrenca (e quanto mais complicada, melhor) até chegarem ao inevitável final feliz.

Exemplo clássico é Aconteceu Naquela Noite, de 1934, estrelado por Clark Gable e Claudette Colbert, o primeiro filme a levar os cinco Oscar principais: filme, diretor, ator, atriz e roteiro. Era uma produção ousada para a época, em que a heroína era uma mulher independente, como mostra a cena principal, em que ela mostra as pernas na estrada a fim de conseguir carona para o casal.

Ser atrevido estava na gênese do estilo, que mostrava, na maioria dos filmes, o poder do acaso, o preconceito contra os ricos e o conflito entre romance e realidade econômica. De 1934, não por coincidência o ano de Aconteceu Naquela Noite, até 1952, ano de O Inventor da Mocidade, última comédia romântica clássica, dominaram as telas.

Outro grande destaque foi Jejum de Amor, de 1940, de Howard Hawks, versão da peça A Primeira Página. O roteiro fala sobre um editor que tenta fazer seu melhor repórter voltar a trabalhar, por isso sabota seu casamento. Mostrando que estava à frente de seu tempo, o filme coloca uma jornalista, interpretada por Rosalind Russell, como uma mulher nada convencional.

Grandes estrelas aderiram ao estilo. Katharine Hepburn fez sucesso com a comédia elegante Núpcias de Escândalo, de George Cukor, em que vivia uma mulher que enfrenta o perfeccionismo do ex-marido, interpretado por Cary Grant. A outra ponta do triângulo amoroso era James Stewart, que ganhou o Oscar de ator. A dupla Hepburn e Grant também iluminou as telas com Levada da Breca, clássico das comédias. Hepburn também fez várias comédias ao lado do parceiro Spencer Tracy (ele era casado com outra e, por ser católico, não se divorciou para assumir a relação com ela), a mais famosa delas A Costela de Adão.

Até mesmo a clássica Greta Garbo estreou no gênero, em 1939, com Ninotchka, de Ernst Lubitsch. A propaganda da época dizia Garbo Laughs!, ou seja, Garbo Ri!, uma novidade total. Ela era uma inflexível funcionária do governo soviético que vinha para Paris e deixava-se seduzir, não apenas pelo playboy vivido por Melvyn Douglas, mas pelo capitalismo.

As Três Noites de Eva, de 1941, dirigido por Preston Sturges, foi outro sucesso. Mostrava uma trapaceira atrevida (Barbara Stanwyck) tentando dar o golpe num tímido cientista (Henry Fonda). De novo, as mulheres nada tinham de submissas nesse tipo de filme. Foi um tempo em que a comédia romântica tinha mais comédia que romancinhos açucarados, como o gênero ficou estigmatizado em tempos mais recentes.

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