A era do cinema mudo

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Com a era do cinema mudo, que tem seu auge nos anos 20, Hollywood torna-se de fato uma grande indústria. Foi um tempo que jovens imigrantes, vindos em sua maioria do Leste Europeu, tornaram-se grandes magnatas da sétima arte: William Fox, Louis B. Mayer, Jack Warner, Samuel Goldwyn e Carl Laemmle.

Aproveitando o momento de crescimento econômico que se seguiu após a Primeira Guerra Mundial, eles se estabeleceram em Los Angeles e criaram os grandes estúdios (Metro, Fox, Warner, Columbia, Paramount, Universal). Esses tempos dominaram a indústria até os anos 50 e os chefões comandavam a vida artística com mão de ferro, dominando as carreiras e até o comportamento dos artistas. A exceção era a United Artistas, criada em conjunto por Charles Chaplin, Mary Pickford e Douglas Fairbanks justamente para ter um pouco mais de liberdade autoral.

A época do cinema mudo trouxe grandes astros e estrelas, e o mais fulgurante foi Rodolfo Valentino, com sua imagem de latin lover. A morte prematura do galã, em 1926, foi definida como uma “insanidade coletiva” pelo jornal The Vatican, com mulheres tendo ataques histéricos durante o enterro. Entre as mulheres, duas europeias dominavam a atenção: a sueca Greta Garbo e a alemã Marlene Dietrich. As estrelas eram divididas entre as “queridinhas”, como Lilian Gish, de estilo suave, e as “vamps”, caso de Dolores Del Rio, mais atrevidas na tela.

O faroeste também tinha presença marcante, com grandes caubóis como Tom Mix e Hoot Gibson. Ao mesmo tempo, John Ford começava a testar o lado épico do estilo, que só o consagraria mais tarde. A comédia, porém, foi o gênero de ouro desse tempo, em que brilhou a estrela maior de Charles Chaplin. Buster Keaton, o homem que não ria, e Harold Lloyd, com seu humor físico, também foram grandes. Stan Laurel e Oliver Hardy, conhecidos no Brasil como O Gordo e o Magro, também fizeram enorme sucesso em todo o mundo.

Começava também a rede de fofocas, já que a vida privada dos astros mobilizava todo o público. A maioria dos atores desafiava a moralidade convencional. Por causa disso, surgiu em 1921 o órgão auto-regulamentador MPPA (Motion Picture Producers of America), que não censurava, mas continha excessos. Seu diretor, William Hays, criou o chamado Código Hays, que tentava fazer com que a produção de Hollywood fosse mais indicada às famílias, colocando limites em beijos e romances.

Fora das telas, escândalos aconteciam e exigiam atenção redobrada dos estúdios para tentar abafar os casos. Houve a morte nunca desvendada do diretor William Desmond Taylor (que teria sido crime passional), a acusação de estupro ao comediante Fatty Arbucle e a morte misteriosa de Thomas Ince a bordo do iate do magnata William Randolph Hearst.

A maior bilheteria do período ficou para O Grande Desfile, realizado em 1925. A lista dos dez mais inclui, pela ordem, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1921), Bem-Hur (1925), Os Dez Mandamentos (1923), Sangue por Glória (1926), The Covered Wagon (1923), Way Down Earth (1920), The Singing Fool (1928), Asas (1927) e Em Busca do Ouro (1925).

 

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