Noel Rosa, o poeta da Vila Isabel

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Fica até estranho pensar que Noel Rosa não está mais nesse plano há 80 anos – ele morreu no dia 4 de maio de 1937, aos 26 anos. É que sua obra continua mais viva do que nunca. E se isso for um lugar-comum, é mais do que verdadeiro. Canções como Com que Roupa?, Último Desejo e Conversa de Botequim, entre tantas outras, parecem ter sido compostas ontem. E novas gerações vão se encantando pelo talento do Poeta da Vila Isabel.

Noel de Medeiros Rosa nasceu no dia 11 de dezembro de 1910. O parto foi complicado, o médico teve de usar fórceps e o resultado foi hipoplasia (desenvolvimento limitado) da mandíbula. A falta de queixo era tema de gozações, mas ele não se deixava afetar.

Nascido numa família de classe média, Noel estudou no tradicional Colégio São Bento, mas não era aplicado nos estudos. Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e passou a frequentar rodas de músico. Entrou na Faculdade de Medicina em 1931, mas a vontade de ser artista era maior. Em 1929, integrou o Bando dos Tangarás, ao lado de Braguinha, e compôs as primeiras músicas, Festa no Céu e Minha Viola, gravadas por ele mesmo.

O sucesso só chegou no ano seguinte, com o lançamento de Com que Roupa?, samba satírico que sobrevive até hoje. Ele era considerado um poeta do cotidiano, por causa das belas letras, além das melodias inspiradas. Elogiado por autores como Orestes Barbosa, seu parceiro em Positivismo, ao mesmo tempo envolveu-se numa polêmica com Wilson Batista, com músicas críticas de ambos os lados.

São dessa época os sucessos Feitiço da Vila e Palpite Infeliz. Começou logo a ser gravado por grandes intérpretes como Francisco Alves, Mário Reis e Aracy de Almeida, sua grande amiga que lançou canções inéditas após sua morte. Na vida pessoal, era casado com Lindaura, moça da sociedade carioca, mas sua grande paixão era a dançarina de cabaré Ceci, sua musa inspiradora para canções como Dama do Cabaré e Pra que Mentir.

Os estudiosos da música popular brasileira apontam a importância de Noel por fazer uma ponte entre as canções da classe média e os sambas do morro. Era amigo do sambista Cartola, de quem frequentava a casa no Morro da Mangueira.

Deprimido por conta da separação de Ceci e tentando salvar o casamento com Lindaura, que não suportava mais as bebedeiras e traições do marido, Noel descobriu ser portador de tuberculose. A doença fez com que procurasse tratamento em Minas Gerais. Ao mesmo tempo, a esposa soube estar grávida, mas teve um aborto espontâneo. Noel não quis mais se tratar e voltou ao Rio de Janeiro, julgando-se curado. Adoeceu repentinamente, sendo cuidado na cama até o fim pela mulher e a mãe, Dona Marta. Seu corpo está sepultado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

 

 

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