O cinema soviético

o-encourac3a7ado-potemkin

Cena de O Encouraçado Potemkin

O cinema soviético – aquele que divulgou e refletiu a vitória da revolução comunista em 1917 – teve grande repercussão em todo o mundo a partir da década de 20. O nome mais conceituado, considerado um mestre da sétima arte, foi o de Sergei Eisenstein, e essa influência durou até a morte dele, aos 50 anos, em 1948.

Eisenstein dirigiu obras-primas como Outubro e O Encouraçado Potemkim e tinha sincera convicção sobre o triunfo e a necessidade do socialismo. Apesar das condições adversas que enfrentavam logo após a vitória – guerra civil, fome, distúrbios sociais -, Eisenstein e seus companheiros tinham o otimismo necessário para a construção de um Estado socialista. E isso ficava claro em seus filmes, que misturavam, em doses iguais, o talento do estilo e a correção política.

Quando outubro de 1917 chegou, a indústria do cinema no lugar estava em frangalhos, com muitos artistas fugindo da então Rússia. O mercado exibidor ficou um tempo em compasso de espera, com a paralisação dos filmes importados e sem que a produção nacional começasse. Assim, uma nova geração, jovem e entusiasmada, começou a surgir.

Um dos mais criativos foi Lev Kuleshov, que fundou, em 1919, o Instituto de Cinematografia Estatal da União Soviética. Uma de suas primeiras realizações foi a paródia As Aventuras Extraordinárias de Mister West no País dos Bolcheviques (1924), que retrata, com humor, as peripécias de um típico americano na Moscou soviética.

Eisenstein debuta logo em seguida, com A Greve, lançado em maio de 1925, seguido por Encouraçado Potemkin, sua obra mais famosa. A criatividade da montagem, como a famosa cena da escada, homenageada 60 anos depois no cinema americano, é sua maior característica. A montagem criativa, aliás, é um dos pontos principais defendido por outro mestre da época, Vselovod Pudovkin, que alcança grande sucesso com Mãe, de 1926.

Ao mesmo tempo, o documentarista Dziga Vertov, que começou a trabalhar com cines-jornais na Rússia, lança o manifesto Kno-Pravda (Cinema Verdade) e alcança grande repercussão com Um Homem com Sua Câmera, obra considerada moderna até hoje. Esse predomínio de filmes realistas mostra que o cinema procurou prescindir de grandes estrelas, já que a maioria dos atores havia se exilado. Ao mesmo tempo um princípio, foi também uma necessidade.

A boa fase chega até a década de 30. A liberdade parece imperar e produzir obras como A Casa da Praça Trubnaia, de Boris Barnet, que mostra uma arrumadeira recém-chegada a Moscou revelando os absurdos da nova política econômica imposta por Lenin. As restrições ficam mais rígidas quando Stalin se instala no poder e o pensamento burocrático começa a imperar, impedindo novos voos dos artistas. O cinema criativo, então, murcha a olhos vistos e só se recupera bem mais tarde.

Deixe uma resposta