Os monstros saem do armário

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Drácula (1931)

Em seu único livro de não-ficção, Dança Macabra, o mestre do suspense Stephen King situa 1931 como o ano em que o medo dominou. Nada tão surpreendente, segundo King, que na obra analisou o gosto do público por sentir medo no escurinho do cinema. Afinal, naquele tempo as coisas não andavam tão rápido como hoje e aquele foi o ano em que se começou a refletir sobre o medo e a incerteza trazidos pelo Crack da Bolsa de Nova York em 1929. A Grande Depressão chegava e era preciso que os receios fossem desviados para criaturas assombrosas.

Assim, surgiram Drácula, sobre o vampiro imortal; Frankenstein, a respeito da criatura criada em laboratório, e A Múmia, o terror vindo de longe. O ano em que se viveu em perigo na tela.

DRÁCULA – O filme dirigido por Tod Browning adaptava uma peça de teatro, que por sua vez teve origem no romance de Bram Stoker. Conta a história de um advogado que precisa percorrer os Montes Cárpatos, na Europa Central, e chega ao castelo do misterioso Conde Drácula, na Transilvânia.

O húngaro Bela Lugosi deu vida ao vampiro e acabou marcado por ele em toda a sua carreira, que no final foi prejudicada pela decadência e as drogas. Na trama ele estava assustador, mas hoje seu sotaque pode até parecer canastrão. Drácula dominava o advogado, que queria finalizar um contrato de aluguel em Londres. O vampiro o transforma em escravo e na Inglaterra mira suas garras, ou os seus caninos, para as belas Lucy e Mina.

A história gerou várias adaptações no cinema e em 1992 Francis Ford Coppola a transformou em Drácula de Bram Stoker, que procurou ser o mais fiel possível à obra literária. Mas o mito do morcego surge nas telas até hoje.

FRANKENSTEIN – O diretor era James Whale, que teve a vida adaptada para o cinema em Deuses e Monstros. Homossexual declarado, ele fazia com o filme um estudo sobre os excluídos (a questão sexual gerava perseguições em Hollywood). O personagem principal da trama, baseada no livro de Mary Shelley, é o obcecado cientista Victor Frankenstein, que faz de tudo para criar uma pessoa em seu laboratório, costurando pedaços de cadáveres.

Quando só falta um cérebro, ele vai à uma faculdade de medicina e pratica um roubo. Consegue dar vida ao monstro, mas a partir daí uma série de desgraças acontecem. A criatura se revolta contra o criador e o povo de uma aldeia promove uma caçada incessante ao monstro. O papel foi feito pelo britânico Boris Karloff, que a partir daí ficou praticamente restrito ao cinema de terror. Bela Lugosi, o mesmo de Drácula, chegou a ser cogitado, mas ele recursou por que não poderia fazer a maquiagem que queria e nem teria falas.

A MÚMIA – A trama conta a história de Im Ho-Tep, egípcio que á acidentalmente trazido de volta a vida depois de 3.700 anos. Em flashback, é revelado que ele era um alto sacerdote do Egito, embalsamado vivo por tentar reviver a mulher que amava, após ela ser sacrificada.

Vivo de novo, sai em busca de seu amor, reencarnada numa bela mulher. O mito da múmia continua presente. Em 1999, Brendan Fraser estrelou um remake em que era um arqueólogo enfrentando a maldição. Dois anos atrás, foi a vez de o astro Tom Cruise reviver a trama. Mas o original ainda é considerado o melhor, com Boris Karloff mergulhando de vez na esquisitice.

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