Humor – Amélia, a mulher de verdade

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Esse texto foi publicado em julho de 1988 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

MUIÉ DE VERDADE é aquela que é mãe para os filhos; amante, companheira e namorada do marido; boa de cama, de mesa, de tanque, de forno, de fogão e de pia. A muié de verdade está sempre alegre, nunca reclama, não tem reparo a fazer. Não é gorda nem magra, mas no ponto. A muié de verdade jamais ingressa ou vota em partidos exóticos, e contrários à moral crista, como PT, PV, PH. Ela, sendo muié de verdade, ouve o preceito máximo da condição feminina, o de SãoO Paulo Apóstolo: “Mulheres, sejam submissas a seus maridos. ”

QUERIDAS AMIGAS:

Estou felicíssima com os cumprimentos e apoio que recebi desde a minha coluna de apresentação, na semana passada. O Editor deste semanário, o jornalista Cecilio Elias Netto — um dos homens mais justos que já conheci, defensor das mulheres e sem qualquer preconceito cumprimentou-me entusiasticamente, dando-me a maior força. Isso é ótimo, pois me sinto ainda mais à vontade para defender a posição que nós, mulheres, devemos ter no mundo moderno.

Conforme eu já esperava — e o nosso Editor me havia prevenido — houve rações contrárias por parte de algumas militantes do PT, essas nossas equivocadas amigas que andam desprestigiando a ciasse, usando aquelas camisetas horríveis, cavadas, que deixam à mostra tufos de pelos embaixo dos braços. Têm que depilar, tem que depilar, pois homem não gosta de muié com pelo debaixo do braço. Chegam os pelos dele, você não acha, querida amiga?

De qualquer maneira, tenho a esperança de que, com o apoio de vocês, queridas amigas, haverei de converter as nossas equivocadas amigas para a nossa causa feminina. É o estilo das pobrezinhas. Elas ainda acreditam nos conselhos da Beth Friedan, americana feia que andou queimando sutiã, e não sabem a Beth já depilou o bigode.

Outro apoio, queridas amigas, com que podemos contar é o das Igrejas Cristãs, as verdadeiras. As Igrejas Cristãs, através do apóstolo Paulo, apontam o nosso verdadeiro caminho, a nossa grande meta: “Mulheres, sejam submissas a seus maridos.”

Assim, com Fé, Esperança e Caridade, e na melhor tradição do mundo ocidental e cristão, haveremos de cumprir a nossa sublime missão de mulher, esposa, amante, namorada, amiga, companheira e confidente. Escreva, pois conto com o seu apoio.

Amélia, a muié de verdade.

Bolinho pra ele

Um dos segredos da vida conjugal, querida amiga, está na cozinha. Não se esqueça nunca do que nossas mães e avós diziam: “O hóme a gente conquista pelo estômago.” Cama e mesa, eis aí o segredo da felicidade. Por isso, tenha sempre à mão o livro de culinária da Mãe Benta. Se você não tiver, providencie. Mas, enquanto você o providencia, recomendo-lhe algumas receitas, lembrando-lhe, querida amiga, que os nossos maridos são verdadeiras crianças, carentes, desejosos de comidinha da mamãe. Seja, querida amiga, a mamãe de seu marido. Experimente essa receita de bolo de fubá:

— Use três xícaras de açúcar, I colher (sopa) de manteiga, I colher (chá) de fermento, I garrafinha de leite de coco, 2 ovos, 2 xícaras de leite e I xicara de fubá. Bata no liquidificador e unte a assadeira. Asse durante vinte minutos.

O seu maridinho irá adorar.

Manchas de batom

Os nossos maridos têm sido vítimas, coitadinhos deles, da mais violenta competição no mundo do trabalho. As mulheres já não os respeitam e, por isso, usam todas as artimanhas para derrotar os nossos maridos.

As muié que num são muié de verdade estão tudo com o diabo no corpo, perderam o respeito. Por isso, é bem capaz que o seu marido, querida amiga, apareça em casa com manchas de batom na camisa, no lenço e até mesmo na cueca. Não se perturbe. A melhor maneira de lavar a camisa, o lenço ou a cueca dele -— diante dessa ofensiva horrorosa que as mulheres do mundo ateu fazem contra os nossos queridos maridos é usando água oxigenada ou éter. As manchas de batom desaparecem imediatamente. Experimente e veja como dá certo.

“Gueixas”, modelo de muié

Você, querida miga, sendo leitora de A PROVINCIA, está entre a minoria de mulheres bem informadas, sofisticadas, preparadas para construir a grande nação brasileira. Logo, você deve saber que, hoje, o Japão é a mais florescente economia do mundo, um país que se transforma em exemplo para todo o Ocidente. O homem japonês não tem grilos, é eficiente, feliz e produtivo exatamente porque, atrás deles, há uma grande muié. E o espírito dessa muié está nas “gueixas”, mulheres preparadas para fazer o homem feliz. Atenciosas, alegres, submissas, generosas, delicadas, exaltadoras de tudo o que é bom e belo — as ‘gueixas” são o modelo que devemos seguir.

Agora, que o Brasil criou a Confederação das Mulheres do Brasil, o passo que devemos dar, queridas amigas, é no sentido de pressionar o Governo para que institua a ‘Universidade das Gueixas Brasileiras”, em defesa da Pátria, de Deus e da Família.

“Harém”, modelo conjugal

Está certo que, enquanto São Paulo Apóstolo ainda tiver crédito estaremos protegidas. Mas pode ocorrer algum problema. Agora surgiu um grande Cisma na Igreja Católica, com o Cardeal Lefrévre que tanto entendia. Por isso, querida, devemos aproveitar a oportunidade da Constituinte e também da Confederação das Mulheres para lançarmos a semente de um novo modelo conjugal, o mais inteligente, prático e lógico que existe: o “harém” árabe.

Nem sempre podemos dar, para os nossos maridos, todas as mulheres que eles merecem e de que precisam. Eles têm o direito a tudo e, se não conseguimos ser tudo, a culpa é nossa. Assim, para que possamos nos preparar melhor para a missão de esposa, sugiro que você ingresse no Movimento Pró Harém.

Isso significa que os maridos poderiam ter tantas mulheres quanto desjassem e, então, seriam felizes e nós compartilharíamos de sua felicidade. Por exemplo: com 30 mulheres, tudo estaria em paz e em harmonia, no lar onde o nosso marido é rei. Ele teria uma

mulher por noite e não cairia na monotonia. E nós, 30 mulheres,  nos revezaríamos na cozinha, no tanque, no supermercado, lavando roupa, levando filhos à escoIa, trocando lâmpadas, consertando torneira, cortando grama, levando automóvel pra oficina, sendo enfermeira de filho e de marido, revezando-nos em reuniões sociais, fazendo criança dormir, fazendo filho jovem acordar, assim por diante. O lar seria comunitário como um “kibutz”, com espírito de harém.

Essa é, querida amiga, para a felicidade dos maridos, a meta que devemos almejar e pela qual lutar. “Muié unida jamais será vencida!”

 

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