O melhor de Chico Buarque

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Biscoito Fino

Hoje Chico Buarque pode até dividir opiniões sobre política. Quanto à música, quem não gostar dessas canções que atire a primeira pedra… na Geni!

1 – TODO SENTIMENTO (1987)

A letra do poeta ganhou uma linda melodia de Cristovão Bastos. A melancolia domina verso e música. O personagem principal é alguém que perdeu seu amor, corroído pelo “tempo”, a quem tanto chama. E sonha com a delicadeza que se partiu. Foi uma das canções mais regravadas de Chico, de Verônica Sabino a Ney Matogrosso, de Elizabeth Cardoso a Oswaldo Montenegro.

2 – BEATRIZ (1982)

Parceria com Edu Lobo, incluída no álbum Grande Circo Místico. Foi primeiramente registrada por Milton Nascimento. Fala de uma misteriosa atriz, perdida entre a melancolia e o amor. A letra tem várias referências e a primeira em que se pensa é na Beatrice, da Divina Comédia, de Dante Alighieri. Aquela que se equilibra mas despenca do céu. E os pagantes exigem bis!

3 – O QUE SERÁ (1976)

Foi criada para a trilha sonora do filme Dona Flor e seus Dois Maridos. A letra possui várias versões. À Flor da Terra tem teor mais político e À Flor da Pele fala da viuvez de uma mulher apaixonada. E há uma terceira, com o subtítulo Abertura. A censura da ditadura militar alegou que a canção falava de Cuba, mas as interpretações até hoje são múltiplas. Coisas da arte…

4 – CÁLICE (1976)

A canção foi composta três anos antes, em parceria com Gilberto Gil. A primeira apresentação, no evento Phono 73, foi dramática. Chico e Gil só entoavam a melodia, pois a letra estava censurada. Mesmo assim, os microfones foram cortados. É a canção mais explícita de luta contra a ditadura. O refrão mistura o cálice de amargura com o “cale-se!” de quem não pode falar.

5 – GENI E O ZEPELIM (1980)

Destaque da trilha sonora da peça Ópera do Malandro. O texto tinha como inspiração A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, que trazia a personagem Jenny dos Piratas. A hipocrisia é o mote, mostrando a Geni, maldita da cidade, que se sacrifica para salvar os habitantes da fúria de um comandante. Quando o perigo passa, volta a ser alvo das pedradas.

6 – O MEU AMOR (1978)

Outra da Ópera do Malandro. Na gravação original, a interpretação era das atrizes da peça: Marieta Severo (então esposa de Chico) e Elba Ramalho. Eram Terezinha e Lúcia, que disputavam o amor do malandro Max. Chico só a registrou mais tarde. Versão do mesmo ano reuniu Bethânia e Alcione como as meninas que diziam: “meu corpo é testemunha do bem que ele me faz”.

7 – CONSTRUÇÃO (1971)

Foi eleita, pelas revistas Bravo! e Rolling Stones, a melhor canção brasileira de todos os tempos. A Folha de S. Paulo a colocou em segundo lugar. A letra, construída em versos dodecassílabos, termina sempre com uma palavra paroxítona. Que depois se embaralham, mostrando as tristes condições de um trabalho aviltado. Pode ser uma versão mais profunda de Pedro Pedreiro.

8 – O MEU GURI (1981)

Aqui o “eu lírico” de Chico é uma mãe que conta a história de seu filho a um homem, o “seu moço”, quem sabe um delegado ou um jornalista. Ela não tinha condições de cuidar dele (“já foi nascendo com cara de fome”) e não entende como ele chega com tantos símbolos de riqueza (“tanta corrente de ouro, seu moço”). Só compreende quem ele era na morte. Ou será que ainda se ilude?

9 – PEDAÇO DE MIM (1978)

Também traz a maternidade como tema. O verso “a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu” já foi definido como a mais perfeita tradução dessa perda. Triste ao infinito, mas as mentes otimistas podem ver um rasgo de esperança no verso final: “eu não quero levar comigo a mortalha do amor”. É preciso superar! Cantada em dueto com Zizi Possi, lançada pelo autor.

10 – OLHOS NOS OLHOS (1975)

Feita de encomenda para Maria Bethânia, que enfim teve uma canção tocada nas rádios. A cantora conta que Mãe Menininha do Gantois, sua guia espiritual, ficou surpresa ao saber que a canção havia sido escrita por um homem. A mulher parecia superar “bem demais” a rejeição. Mas o fato de querer mostrar isso não prova que ainda estaria ligada à paixão? Seja como for, é brilhante.

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