O melhor de Noel Rosa

noel rosa

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Nem parece que o Poeta da Vila morreu há mais de 80 anos! Suas canções parecem ter sido feitas hoje e contam com grandes intérpretes.

1 – COM QUE ROUPA? – Caetano Veloso e Zeca Pagodinho

Caetano e Zeca se uniram para gravar esse clássico nos anos 90, na primeira edição do projeto Casa de Samba. “A música de Noel Rosa e o canto de Zeca Pagodinho, isso é o Rio de Janeiro inteiro!”, diz o baiano. E como discordar. Foi a primeira canção que Noel gravou, em 1930, e logo se tornou sucesso por causa da letra satírica. E seu título virou bordão popular.

2 – TRÊS APITOS – Maria Bethânia

A Abelha Rainha regravou a canção em 1966, em seu segundo disco, todinho dedicado às canções de Noel. Ela as regravou de forma intimista, ao contrário do que se esperava da intérprete de Carcará. A musa inspiradora teria sido Fina, uma jovem que trabalhava na fábrica de tecidos Confiança, por quem Noel estaria apaixonado. Mas ela não lhe dava “confiança”…

3 – FILOSOFIA – Chico Buarque

Desde o começo de sua carreira, Chico era comparado com Noel. No disco Sinal Fechado, de 1974, ele escolheu essa canção que rendeu ao Poeta da Vila o título de “filósofo do samba”. A letra é certeira: “Quanto a você, da aristocracia/ Que tem dinheiro mas não compra alegria/ Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente que cultiva a hipocrisia”.

4 – FEITIO DE ORAÇÃO – Gal Costa

Gal regravou a canção em seu disco Plural, em que voltou a escolher canções clássicas depois de uma fase pop. Aliás, essa é uma das músicas de Noel mais interpretadas, desde os anos 30. Na letra, ele declara que o samba não é apenas alegria, mas uma religião. “Sambar é chorar de alegria/ É sorrir de nostalgia/ Dentro da melodia”. Quer definição melhor?

5 – PRA QUE MENTIR – Paulinho da Viola

A voz e o estilo elegantes de Paulinho casaram muito bem com esse samba triste de Noel. A inspiração para o samba teria vindo da relação conflituosa do poeta com Ceci, a dama do cabaré que foi seu grande amor. Mais tarde, Caetano Veloso se inspirou nela para compor Dom de Iludir. “Se tu ainda não tens a malícia de toda mulher”. Será que as feministas atuais aprovam?

6 – ÚLTIMO DESEJO – Nana Caymmi

É considerado um dos sambas mais doloridos de Noel, outra letra dedicada a Ceci, por quem ele sempre vivia dividido entre o amor e o ciúme. Ele a conheceu no Apolo, um cabaré da Lapa, mas não largou a esposa, Lindaura. Nana a regravou nos anos 80, num belíssimo arranjo, apenas com violões. Sensibilidade nota 10, que até hoje soa como moderna.

7 – FEITIÇO DA VILA – Ney Matogrosso

Noel compôs o samba em 1934, para louvar o seu bairro. E aí começou a famosa polêmica com Wilson Batista, que em seguida lançou Conversa Fiada. Mas Noel o deixou mudo com o sensacional Palpite Infeliz. Ney regravou a canção nos anos 80, ao lado do violonista Rafael Rabello, na fase em que deixou as fantasias para ser um intérprete sofisticado.

8 – SILÊNCIO DE UM MINUTO – Roberta Sá

Nesta canção composta em 1935, o poeta destila todo o seu lirismo e se banha na tristeza. Ele fala de luto, associando a morte com a perda de um amor. A primeira gravação foi de Marília Batista, em 1940, com arranjo de Pixinguinha. Bethânia a cantou nos anos 60 e, mais recentemente, Roberta fez bonito com uma versão intimista, que ressalta seu timbre doce.

9 – CONVERSA DE BOTEQUIM – Ivan Lins

Esse samba, o maior sucesso popular do Poeta da Vila, pode ser definido como uma crônica musicada. Porque retrata, de forma realista e bem humorada, uma cena do cotidiano que se repete até hoje. Ivan Lins lançou dois álbuns, no começo dos anos 2000, com mais de 30 canções de Noel, em que convidou outros cantores. Mas essa, claro, teve destaque.

10 – ONDE ESTÁ A HONESTIDADE? – Beth Carvalho

Como não achar que essa música continua atual como nunca? “Você tem palacete reluzente/ Tem joias e criados à vontade/ Sem ter nenhuma herança de parente/ Só anda de automóvel na cidade/ E o povo já pergunta com maldade: onde está a honestidade?”. Tanto que foi tema de uma questão do Enem em 2011. Beth a gravou nos anos 70, ressaltando a ironia.

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