O peixe, símbolo e signo
Dói-me constatar que nem sempre Piracicaba se dá conta da profunda significação do peixe em nossa história. E em nossas vidas. Somos “o lugar onde o peixe para”. E isso, por si mesmo, é uma bênção, um privilégio. Pois há todo um universo de sacralidade em torno do peixe, que é símbolo e signo de fertilidade e de vida, mas, também, de destruição e de morte. Acima de tudo, porém, o peixe é símbolo da Água. E água significa a própria vida, a purificação, a regeneração. O piracicabano – mesmo que se abstenha de pensar, que ignore a sua própria realidade – está sob o signo e o símbolo do peixe, da água. Ora, os signos surgem naturalmente, como o exemplo de estar-se numa floresta e ver fumaça no horizonte. Há, nisso, um signo, pois se trata de um sinal, do indício da possiblidade de haver fogo, de pessoas no local. Por outro lado, se o fogo foi aceso com a intenção de produzir fumaça, isso é um sinal para outra pessoa e, portanto, um símbolo. Logo, um símbolo pode ser um signo para outra pessoa.
O peixe está na origem, na gênese, na natureza dos piracicabanos. Não custa lembrar que o símbolo que os primeiros cristãos escolheram para se identificar foi o do peixe, “ichthus”. Em grego, são as iniciais de “Iesous Christos Theou Yios Soter”, ou seja: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. O peixe – mais, muito mais do que esses seres maravilhosos que vivem nas águas – tem que ser cultivado pelos piracicabanos como um signo e um símbolo de toda uma história destinada a belezas e harmonia, a nossa história. Por isso, sempre lamentei aquele peixe – criação do João Chaddad – à entrada da cidade. Por mais bela e honesta tenha sido a intenção do genial arquiteto, a forma me parece apequenada diante de tanta significação, uma forma quase cômica. Ao ver o peixe, ao desenhar um peixe como um aviso, os primeiros cristãos vivenciam um ideal de vida, um mundo mais humano, o proposto por Jesus Cristo. Piracicaba nasce sob a égide do peixe. Como viver um símbolo e um signo quase que vulgarmente?
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