Proac, Governo do estado de SP

“Ouvir estrelas”. E ver e tocar

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(Imagem: Free-Photos, por Pixabay)

O próprio Olavo Bilac entendeu ser algo estranho, senão impossível: “Ora, direis, ouvir estrelas. Certo, perdeste o senso!”  Bilac, no soneto imortal, revelou o segredo: apenas quem ama tem ouvidos de ouvir estrelas. E é verdade. Quando se ama, tudo é possível. Até mesmo o impossível. Amar Piracicaba é ser íntimo do mistério, ter a chave para abrir todos os potes de ouro.

Sinto-me à vontade para sonhar com Bilac. Pois, tornei-me íntimo das estrelas. E tenho, até mesmo, uma estrelinha azul, filha minha com um amor que vivi com a Lua. Foi assim: a Lua estava em crescente, meia-lua, como um sofá onde se repousar. Ora, eu tenho dois companheiros de caminhada: um pangaré que me leva para horizontes nunca vistos e um raio-de-luar, que me transporta para o infinito inalcançável. E a Lua me convidou para um encontro de amor. E o raio-de-luar me transportou até ela. E, algum tempo depois, nasceu-nos a estrelinha azul. Acredite quem puder.

O fato é que, do Seminário Diocesano, lá no Bairro da Nova Suíça, descortina-se, em noites claras, o mais belo pedaço de céu estrelado que existe no mundo, céu de Piracicaba. Tudo é tão límpido que – a quem tiver olhos de ver e coração de sonhar – pode-se levantar as mãos e tocar e colher estrelas, como quem colhe jabuticabas no pé. Em noites tristes, eu ia até lá e – no silêncio abençoado do lugar – harmonizava-me com a vida, vendo, ouvindo e tocando estrelas. É possível.  Foi quando descobri existir…

…um firmamento perfurado

Pois era o que, pouco saído da adolescência, me incendiou a imaginação ao ler que – não me lembro se gregos, egípcios ou judeus, na Antiguidade – diziam do céu estrelado. Embriaguei-me ao deixar voar a imaginação. Para aqueles sábios, Deus criara o firmamento como uma abóbada envolvendo o universo. Os homens, porém, intuíram que, além daquela cobertura, haveria algo ainda mais misterioso. Foi, então, que começou a tentativa de furar o céu. Aconteceu, daí, a maravilha: cada homem que conseguia perfurar a abóbada permitia que, através dos furos, surgissem luzinhas mimosas, encantadoras. A elas, deu-se o nome de estrelas. No céu de minha terra, fico fazendo furos e descobrindo estrelinhas novas. E fico feliz ao ver que cada uma delas – por mim descoberta – se torna amiga e companheira de minha filha, a estrelinha azul. Quem tentar fazê-lo irá ver o mistério acontecer no pedaço de firmamento sobre Piracicaba.

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