A calçadinha de ouro
Mas o mais luxuoso desfile, aquela palpitantemente amorosa “oferta e procura”, dava-se – com ostentação – na chamada “Calçadinha de Ouro”. Era o quarteirão fronteiriço ao jardim, início da Rua Boa Morte, espaço entre os atuais bancos Itaú e Bradesco. Num só quarteirão, as moças da chamada “altíssima sociedade” iam e vinham, expondo-se aos olhares ávidos dos moços também mais abonados, os estudantes da Agronomia, os agricolões. Era um desfile de belezas e de vaidades. Muitos amores começaram ali; tragédias, também.
Numa das esquinas – junto à rua Moraes Barros, onde está o Itaú – ficava o Banco Commercial e, bem ao lado, a “Bombonière do Passarela” (Ele, seo Passarela, me inspira em outro trecho.) As moças chegavam até lá, voltavam, iam até a outra esquina, onde estava o bar das elites, A Nova Aurora. Quando se instalou o Cine Politeama, no mesmo quarteirão, a festa “society” se tornou ainda mais deslumbrante. Pois ver a fila dos que iam ao cinema e, depois, esperar vê-los sair do cinema e ficar na “Calçadinha de Ouro” era a alegria, a inveja e até mesmo a angústia da plebe espectadora. E a cumplicidade do Passarela foi fundamental para o desenrolar de toda aquela história. No fim da história, a “Calçadinha de Ouro” era apenas uma vitrina.
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