1932: João Bottene cria o motor a álcool

Quando o Brasil volta a se empolgar com o biocombustível e o álcool retoma a revolução energética provocada ainda nos 1970, é essencial recuperar a história e rememorar. Essa revolução começou em Piracicaba.

O historiador e escritor João Chiarini honrou a memória dos seus idealizadores: primeiro, o professor José Vizioli, da ESALQ, o criador do álcool como combustível automotivo; ao mesmo tempo, o grande inventor piracicabano, João Bottene, que o adaptou aos motores de veículos.

Essa rememoração, João Chiarini já a havia feito em reportagem na Folha de São Paulo, em 1º de fevereiro de 1980. Sabe-se que João Bottene fez experiências com álcool em seu próprio automóvel, um Ford modelo 1929, utilizando o óleo de mamona como aditivo, alcançando muito sucesso. Na revolução de 1932, Bottene engajou-se como voluntário e, em São Paulo, na garagem da Prefeitura adequou a frota de automóveis e caminhões para o uso do álcool como combustível. Foi dele a genial ideia de – à falta de armamentos para os revolucionários paulistas – criar a incrível “matraca”, cujo barulho imitava o som das metralhadoras.

A criatividade de João Bottene levou-o a utilizar um aparelho “Gazol” para ser adaptado ao motor de seu automóvel, afim de vaporizar o álcool diretamente no motor em um aparelho distribuidor, substituindo o carburador. Esse aparelho, João já o utilizava nos motores automotivos movido a “gasogênio”. Apenas substituiria o gás do carvão pelo gás do álcool.

Funcionamento do Gazol no torrador de café

Uma caldeira provida de uma tampa de enchimento e válvula de segurança, onde é colocado o álcool. Na base da caldeira, é colocada uma lamparina alimentada por um reservatório de álcool. O álcool aquecido gera o gás vaporizado para um tubo de aço perfurado que fornece a chama ao longo do torrador tubular.

O processo é rápido, tem a vantagem de queimar a película que envolve os grãos do café e não deixa cheiro. O Gazoal, do torrador original, nome com quase 90 anos, faz parte do acervo de sua neta, Cláudia B. Bottene.

[Estes conteúdo e imagem foram retirados do livro “Piracicaba, a doçura da terra”, de Cecílio Elias Netto. Saiba mais sobre esta e outras obras do autor, publicadas pelo ICEN.]

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