A Florença caipira

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FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – Aquarela de Miguelzinho Dutra

Piracicaba – por sua excelência cultural e artística – foi chamada de “A Florença Brasileira”. As artes piracicabanas foram marcadas por um patrono que alcançou admiração e respeito nacionais, Miguel Arcanjo Benício Dutra, o Miguelzinho.

A figura de Miguelzinho Dutra – considerado um dos pais da pintura brasileira – tornou-se mítica no Brasil. Pintor, escultor, músico, homem de mil habilidades, Miguelzinho organizou o primeiro museu de que se tem conhecimento no país, um museu sacro e outro ornitológico. Em sua própria casa. Seus filhos e netos herdaram-lhe a veia artística e tornaram-se artistas plásticos de renome internacional: Alípio, Antônio de Pádua, Archimedes, Joaquim, João, Luiz, todos Dutra, vencedores de concursos nacionais e internacionais. A partir dos Dutra, Piracicaba se tornou, então, a Meca dos pintores, destacando-se a presença constante, na Cidade, do notável Almeida Júnior, que seria vítima de um crime passional.

Na música, compositores como Erotides de Campos, Carlos Brasiliense e a criação do orfeão brasileiro por Fabiano Losano encantavam o Brasil. Os barões do café – buscando requintes – apoiaram artistas e celebravam suas obras. Foi uma época de explosão artística e cultural. E, também, na educação. O ensino público do Estado de São Paulo – quando Prudente de Moraes assumiu a presidência da Província (governo do Estado) – foi inspirado na pedagogia adotada por Martha Watts no Colégio Piracicabano. Para isso, o então Secretário da Educação paulista, Caetano de Campos, fez um estágio naquele colégio para conhecer o método. E, por indicação de Martha Watts, promoveu-se a vinda, dos Estados
Unidos, da educadora Miss Brown, que assessorou Caetano de Campos a realizar a reforma que adotou o seu nome.

Nas décadas de 1920/30, o jornal “O Estado de São Paulo” teve a sua redação formada por intelectuais piracicabanos, como Sud Mennucci, Thales de Andrade, Mário Neme, Breno da Silveira, Marcelino Ritter e outros. Monteiro Lobato dizia, galhofeira e amigavelmente: “O perigo não vem dos amarelos (japoneses), mas de Piracicaba.”

Ao longo do século, Piracicaba haveria de se destacar nas artes e na cultura, sendo incontáveis os piracicabanos que galgaram posição de destaque e de liderança em São Paulo e no Brasil. A Sociedade de Cultura Artística (1925) e, depois, a Escola de Música (1953) tiveram papel preponderante nessa evolução. Os fatos registram essa presença marcante de Piracicaba até meados dos anos 70, tendo de se destacar a dimensão que vieram a tomar os salões de arte criados ao longo dos anos: o de Belas Artes (1953), de Arte Contemporânea (1972), de Humor (1972).

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PAISAGEM DE PIRACICABA – Joaqui m Dutra, 1924 / RUA DO PORTO – Obra de Mário Thomazi, 1914 / CASA DO POVOADOR – Obra de João Dutra, 1965

Esses são artigo e foto retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto. Saiba mais sobre a obra.

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