Caipiracicabanidade, um estilo de vida

*Artigo e fotos retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

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Seria fastidioso discorrer a respeito dos graves problemas que afetam os povos, nações, cidades a partir das extraordinárias transformações da era pós-industrial. O desenvolvimento admirável da ciência e da tecnologia tem propiciado o surgimento de novos horizontes e amplas expectativas à humanidade. No entanto, por ter produzido uma verdadeira revolução sóciopolítico-econômica, estes novos tempos – conhecidos como a “Era Digital” – carregam, também, sérios conflitos, agravados ainda mais por estarmos vivendo apenas um tempo de transição.

Como previram filósofos, pensadores e cientistas, o fenômeno da globalização poderia ser causa de um outro: a fragmentação. E, ao mesmo tempo em que muito se universaliza – em especial a economia – há o altíssimo risco de pessoas, povos, nações – e, portanto, cidades – perderem o seu bem mais precioso, que é a própria identidade.

Piracicaba é, no Estado de São Paulo, uma cidade com cultura singularíssima, calcada, especialmente, na história de pioneirismo desenvolvida por nossos antepassados, desde os primórdios da povoação, ainda no século 18.

Sua resistência a modismos passageiros deu margem à construção lenta e progressiva de um estilo de ser e viver que se consolidou numa sólida consciência de “caipiracicabanismo”.

Ou seja: uma cultura paulista que se preservou num nicho transformado em trincheira de tradições, costumes, cultivo permanente à arte, à ciência, na busca de um desenvolvimento harmônico e justo. Piracicaba adquiriu identidade própria: a caipiracicabanidade. Que é uma maneira especial de ser, de acreditar, de olhar para o futuro com segurança e firmeza.

Ainda agora, em nossos dias, louva-se o interior paulista como “Polo Caipira” do desenvolvimento. Piracicaba pode orgulhar-se de, por manter sua identidade, ter sido pioneira em setores essenciais e fundamentais para o progresso, entendendo-se, por progresso, um projeto ético de desenvolvimento e não simples inchaço.

Para isso, Piracicaba conseguiu, nesses quase 250 anos de existência, transmitir o conhecimento e a identidade, o pioneirismo e a visão singular de mundo a todas as gerações. É a nossa tradição, o nosso compromisso para com a vida. Uma cidade, portanto, assumidamente tradicional, desde que se entenda tradição (a traditio latina) como transmissão, herança, entrega.

No entanto, há o perigo – nestes tempos de transformações indefinidas – de estarmos próximos da fragmentação consequente à globalização que busca universalizar os povos, nivelando-os a um único patamar. À globalização, não é permitida a destruição de raízes, da história, da “traditio”, pois estas é que são a sua sustentação.

Piracicaba tem raízes históricas que fazem parte essencial da construção deste País, desde a Monarquia até as buscas por uma república democrática justa.

 

* “Piracicaba que amamos tanto” é o primeiro volume de três livros escritos pelo ‘caipiracicabano’ Cecílio Elias Netto em homenagem aos 250 anos da cidade (que serão completados em 1º de agosto de 2017).

A obra, que conta com o apoio cultural das empresas Caterpillar, Cosan e Raízen, retrata – em fatos e fotos – a magia e os encantos de Piracicaba, com registros a partir do século 19 até os dias atuais, com o autor narrando, de forma simples, mas ao mesmo tempo opulenta; com linguagem rebuscada, porém espontânea, tudo o que o cidadão piracicabano sente, vê e ouve sobre sua terra, natal ou adotada.

 

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