Cururu, o canto da terra

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

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Cururueiros – Nhô Chico, Bueninho, Dito Queiroz, Brasilinho e a dupla Milo e Melo (década de 50)

Este texto deveria, na verdade, estar entre os Mistérios Dolorosos, de tristeza e luto. Pois o Cururu – umas mais preciosas riquezas folclóricas paulistas e que teve, em Piracicaba, seu berço e seu culto – está no fim.  Alguns verdadeiros heróis da cultura popular tentam, ainda, preservá-lo. Mas é como se o talento e a vocação dos cururueiros – cantadores do Cururu – também dessem os últimos suspiros.

Dois dos maiores folcloristas brasileiros – e, coincidentemente, piracicabanos – Alceu Maynard de Araújo e João Chiarini fizeram alentados estudos sobre o Cururu. Chiarini, em brevíssimo resumo, definiu: “Cururu é disputa, combate poético”. É o desafio, o canto feito por repentistas. Sua origem remota está, segundo estudiosos, na coroação dos “poetas helênicos”. O “repente” espalhou-se pelo mundo. Em São Paulo e Mato Grosso, tornou-se “Cururu”, canto e dança.

Piracicaba conheceu verdadeiros implantadores do Cururu nas pessoas, por exemplo, de Agostinho Aguiar, Zico Moreira, João Davi, Sebastião Roque. Descendentes de italianos e árabes – como Juvenal Miano e Manoel Chaddad – foram cururueiros de nomeada. A partir dos 1960, surgiram brilhantes estrelas do folclore brasileiro, com repercussão em todo o Brasil, como Pedro Chiquito, Parafuso e Nhô Serra.

Parafuso conquista o Brasil

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Parafuso – nascido antônio cândido – tornou-se astro Nacional, “cantando” mais de “1.000 cururus” por todo o brasil. Foi o criador do refrão que se tornou famoso no país: “nem que tussa num fai má”. Recuperamos alguns de seus versos,publicados no jornal a província (www.aprovincia.com.br).

Perguntado por onde andava cantando, respondeu: “Cantei na Capitar de São Paulo/Que vieram me buscá/ P’ra saudá o Quarto Centenário/ E peguei o primeiro lugá. Cantei na Televisão Record,/A Inezita tava lá E dela ganhei uma viola/E hoje faço o páu quebrá. Cantei no Rio de Janeiro/Na Capitar Federá, Os versinho que eu cantei/ Tuda a vida hão de alembrá. Se as pedra tivesse boca/Eu fazia as pedra chorá.”

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