(Des) Igualdade de gêneros

Com o texto, a seguir, Taís H.M. Lacerda faz sua contribuição ao tema “Mulheres Semeadoras de Cultura” – na perspectiva da discussão da desigualdade de gêneros. Docente na área de engenharia e saúde há cerca de 30 anos, ela já coordenou projetos de pesquisa, de natureza tecnológica e de caráter extensionista, junto à instituição de ensino superior. Taís vem atuando como consultora empresarial voltada à área de inovação tecnológica há 12 anos. Neste contexto, ela busca fomentar ações junto a empresas de pequeno e médio portes, incentivando o uso de instrumentos de inovação.

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A desigualdade de gêneros é um dos problemas globais a ser enfrentado nos dias atuais. Pesquisa do British Council, organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades em educação, divulgou, no ano de 2017, dados brasileiros sobre a desigualdade de gêneros pelos indicadores aqui destacados: discriminação no acesso ao trabalho pelas mulheres e remuneração inferior aos homens; participação reduzida das mulheres na política e também ocupando a presidência de maiores empresas brasileiras.

Os movimentos ambientais globais no mundo, a partir do século XXI, englobam, além das discussões pautadas nas dimensões ambiental e econômica, a dimensão social –na busca da minimização da redução do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.

Dentre os documentos que tratam das questões, aqui, destaca-se os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), agenda internacional lançada em 2000. Um dos objetivos do ODM, a igualdade de gênero e a valorização da mulher, estabelecia metas que deveriam ser atingidas até o ano de 2015. Várias lacunas persistiram apesar do progresso de diversas áreas, incluindo a representatividade das mulheres em parlamentos e aumento do número de meninas nas escolas.

A sucessão dos ODM ocorreu com nova agenda aprovada no ano de 2015 e adotada por 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), a Agenda 2030. A igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas continuam sendo um dos dezessete objetivos a serem desenvolvidos pelos países. E novas metas de caráter social, ambiental e econômico, a serem atingidas até o ano de 2030, deverão fomentar um ambiente em que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento profissional que os homens.

Em matéria publicada em julho de 2018, pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, FGV EAESP, foi disponibilizado o Relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável – Síntese II, produzido por grupo de trabalho constituído por 38 entidades da sociedade civil. Nessa publicação, fica evidenciado que o caminho que o Brasil percorreu nos últimos três anos foi incoerente com a Agenda 2030, em função de que os orçamentos e políticas e programas importantes para a sociedade e para o meio ambiente estão menores ou zerados; e os abismos sociais entre ricos e pobres se aprofundam, consolidando-se a exclusão histórica baseada em raças, etnias, identidade de gênero e orientação social.

No que diz respeito ao ODS 5 (Igualdade de gênero) poucos avanços foram observados, seja na discriminação, como no aumento da violência contra mulheres; número absoluto de casamentos infantis; número de horas de trabalho remunerados às de cuidados de pessoas e do lar; proporção de mulheres atuando em tempo parcial; posicionamento de liderança feminina na vida política; índices de gestação não planejadas e de mortes em decorrência de complicações durante a gravidez.

 

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