Encontro fluvial vira Patrimônio Imaterial de Piracicaba

Festa Divino 2

(foto: acervo Cecílio Elias Netto)

Não há de se estranhar falar-se da comunhão do sagrado e do profano, numa festa dedicada ao Divino Espírito Santo. Piracicaba sabe conviver com o humano e com o divino. Tanto assim, que a Festa do Divino sempre foi chamada, também, de Folia do Divino. Céus e terra unem-se na alma piracicabana, especialmente quando é, o rio, o altar das comemorações.

A Festa ou Folia do Divino é um dos raros “encontros fluviais”, uma das mais belas festas que existem, em momentos gloriosos da Rua do Porto. A primeira, de que se tem conhecimento, aconteceu em 1826, por iniciativa de José Viegas Moniz (em 2017, Piracicaba comemorou sua 191ª versão). Devoção de católicos, a festa-folia soube conjugar harmoniosamente o sagrado e o profano, com muitas orações e devoções, mas com alegria e diversões.

O Cururu foi introduzido nas celebrações do ano de 1933, por Mário Lordello. As chamadas “Bandeiras” saem rio acima e rio abaixo, arrecadando prendas para o leilão: frangos, ovos, novilhos, leitões, dinheiro. O momento culminante acontece quando os batelões se encontram, ao que se deu o nome de “Encontro do Divino”. Folclore e religião também se encontram e a multidão celebra a sua devoção sacro-pagã.

Alceu Maynard de Araújo – piracicabano e um dos mais celebrados folcloristas brasileiros – anotou o quase lamento de um violeiro: “Bons tempos aqueles, quando, no último pouso, a gente passava a noite ‘ferrado’ num cururu! Pela manhãzinha, os agradecimentos do povo.”

A Festa do Divino deve ser entendida, também, como a Festa da Alma Piracicabana. Em dezembro de 2016, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (CODEPAC) aprovou o registro da Festa do Divino Espírito Santo como Patrimônio Cultural Imaterial do Município.

[Estes conteúdo e imagem foram retirados do livro 250 Anos de Caipiracicabanidade”, de Cecílio Elias Netto, em co-autoria com Arnaldo Branco Filho e Marcelo Fuzeti Elias. Saiba mais sobre esta e outras obras publicadas pelo ICEN.]

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