Lampião de gás, quanta saudade você me traz

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

lampiao

Quando Inezita Barroso começou a cantar “Lampião de gás, lampião de gás…” – música de Zica Bergamini – tive a quase certeza de, naquele 1958, estar, ela, pensando em Piracicaba. Inezita é caipiracicabana honorária. Sua alma absorveu o som de nossas violas, o sotaque de nossa gente, o sussurar do rio. Seu canto de saudade do lampião de gás é, no entanto, o adeus a um tempo e o surgimento de outro. (Apenas o Tempo irá explicar-nos, talvez, se ganhamos, se perdemos…)

Foi Luiz de Queiroz – esse Luiz Vicente de Souza Queiroz, diante de quem Piracicaba deveria, até o fim dos tempos, prostrar-se em agradecimento – quem se deslumbrou com a descoberta da lâmpada incandescente por Thomas Alva Edison, em 1879. Visionário, Luiz de Queiroz decidiu trocar o lampião de gás pela lâmpada. E, no dia 6 de setembro de 1893, ele concretizou a iluminação elétrica, nesta nossa terra predileta dos deuses. A primeira lâmpada acendeu-se em sua casa, no “Seio de Abrão”. Piracicaba tornava-se a segunda cidade brasileira, sem ser capital, a ter iluminação elétrica. A primeira foi Campos dos Goitacazes, no Rio de Janeiro, em 1883. Quatro anos depois, em 1887, Porto Alegre (RS) se tornou a primeira capital brasileira a contar com um sistema de iluminação pública elétrica, seguida por São Paulo, em 1889. A primeira iluminação pública de Piracicaba foi com lampião de querosene. Os primeiros postes foram instalados em fevereiro de 1874 nas esquinas do centro da cidade e um funcionário era responsável para colocar o combustível e acender o pavio. A iluminação ia até as 22 horas.

Esse Luiz de Queiroz – que morreu de sofrimento, em seu idealismo incompreendido – lutou, também, pelo serviço de abastecimento de água, inaugurado em 1887, pela Empresa Hidráulica de Piracicaba, de Frick e Zanotta.

E, graças a esse grande visionário, Piracicaba foi a segunda cidade brasileira a ter telefone. Alexandre Graham Bell inventara-o em 1876. D. Pedro II – com sua visão ainda hoje incompreendida – instalou-o,  em 1877, no Palácio São Cristóvão, Rio de Janeiro. Luiz de Queiroz – com sua universalidade, vivendo-a na aldeia – enxergou o futuro e agiu. Assim, no dia 22 de novembro de 1882 – seis anos, apenas,  depois de Graham Bell, apenas cinco anos após D. Pedro II – trouxe, a Piracicaba, a grande mágica da telefonia. A primeira linha fazia a comunicação entre a Fábrica de Tecido Santa Francisca – depois Aretusina e Boyes – à sua Fazenda Santa Genebra, na zona rural.

Meu Deus! Quanto mais mergulho nessa história, mais me apaixono por minha terra! Como, conhecendo-a, não amá-la? Que as próximas gerações possam ter acesso a essa história privilegiada.

Para amarem-na ainda mais apaixonadamente. E, então, render graças pela nossa caipiracicabanidade.

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