Mário Pastelão: educação em primeiro lugar (1)

Mario Miyazaki

O casamento de Mário Miyazaki com Eiko, em 1946, reuniu a nata das famílias japonesas em Piracicaba. (foto: Acervo Família Miyazaki)

A maior identificação entre piracicabanos e japoneses é o amor pela sua terra. Tal como um filho ausente a suspirar por ti, os japoneses – mesmo distantes – também cantam e propagam suas origens.

Kazuo Miyazaky é o nome civil de nosso personagem, o Mário Japonês ou Mário Pastelão, como também era carinhosamente chamado, por fundar, em Piracicaba, uma pastelaria que logo se transformou em coqueluche na cidade: O Pastelão, onde se fazia o melhor pastel do mundo.

Nascido no Japão, na Ilha de Kiychuo, província de Fukuoka, em 6 de junho de 1924, era filho de Ginjiro Miyazaky e de Tatsuo Miyazaky. Chegou ao Brasil no dia 15 de novembro de 1929, após viagem de 58 dias no navio Kanagawa-Maru, ao lado dos pais e das irmãs Chiyoka, Misao e Teruko, estabelecendo-se na Fazenda Pau D´Alho.

Com o pouco dinheiro que conseguiram economizar no período de dois anos, arrendaram um terreninho e foram plantar por conta própria. Após uns três anos, adquiriram um terreno de 7 a 8 alqueires, plantando algodão e batatinha. Em Piracicaba, seus pais tiveram mais cinco filhos. Na cidade, Mario fez um pouco de tudo. Vendia seus produtos no Mercadão, montou o Bar Esportivo (em frente ao Teatro São José), o Líder Bar (Rua Governador Pedro de Toledo, esquina com a Rua São José), uma loja de auto-acessórios (também, na Rua Governador) e o famoso Pastelão, com duas lojas em Piracicaba, uma em Araraquara, uma em São Paulo e duas no Rio de Janeiro. “Pensava que seria o McDonald´s do pastel, mas acabou não dando certo. Com o Plano Real, deu tudo errado”. Com 22 anos, Mario se casou com Eiko Kanamaru, com quem teve quatro filhos. Foi, durante duas gestões (de 1986 a 1992), presidente do Clube Nipo Brasileiro de Piracicaba. Faleceu em 20 de fevereiro de 2014.

Entre tantas histórias, Mario repetia uma a exaustão. Contava – com orgulho – sobre uma frase que ouvira de sua professora, Dona Avelina: “Aonde vai um imigrante italiano logo ele constrói uma igreja; aonde vai um imigrante japonês, ele constrói uma escola”.

Recordava, também, que nenhuma das medidas tomadas pelo governo brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial doeria tanto na alma japonesa quanto a ordem de fechamento das escolas de seus filhos. Nem tanto pela alfabetização, que até poderia ser realizada em outra língua, mas, sim, pela privação do aprendizado do Yamato Damaschi – a doutrina do espírito nipônico e qualidades nobres da alma, que, no Japão de outrora, era sinônimo de coragem, lealdade e bravura, características marcantes de um samurai.

Neste período, Mario sofreu muito com o preconceito: “Não se vencem preconceitos com leis. O que nos ajudou muito foi a educação milenar do japonês de ser humilde, trabalhador e honesto. Neste momento, a pessoa tem que mostrar o seu valor. Foi o que os japoneses fizeram. Para ser respeitado tem que ser rico ou então ter estudado. Hoje, 70% dos netos dos japoneses são universitários”, dizia.

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[Estes conteúdo e imagem foram retirados do livro “Centenário da Migração Japonesa em Piracicaba”, de Cecílio Elias Netto, em co-autoria com Ronaldo Victoria e Arnaldo Branco Filho. Saiba mais sobre esta e outras obras publicadas pelo ICEN.]

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