O caderno das mulheres notáveis

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D. Mariza da Conceição Pereira, na sede do Clube de Letras de Sete Lagoas, em Minas Gerais…

“Anônimas, invisíveis, desconhecidas. Mas mulheres que semearam cultura e caridade”. Esta foi a referência de d. Mariza para reunir em seu caderno de notas mais de 60 mulheres marcantes na história de Sete Lagoas, em Minas Gerais. Ela pretende transformá-lo em seu futuro livro “Mulheres Proeminentes de Sete Lagoas”: “este meu caderno é um livro em gestação”.

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…..com seu “caderno de mulheres notáveis”, um livro em gestação.

Ela mesma, sem dúvida, uma mulher notável, d. Mariza foi uma das debatedoras do evento “Mulheres Semeadoras de Cultura”, promovido pelo ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto, realizado em janeiro de 2018, em Sete Lagoas.

Mariza da Conceição Pereira nasceu em 1940. Formada em Letras, exerceu o magistério na rede estadual de ensino durante 30 anos, até se aposentar; é pesquisadora da história e cultura locais. Foi diretora do Departamento de História da Secretaria Municipal de Cultura – quando reabriu o Museu Histórico, que estava desativado; já foi dirigente e cofundadora de diversas instituições culturais de Sete Lagoas – como o Clube de Letras, que presidiu por mais de 20 anos, e a Academia Setelagoana de Letras, onde é secretária-geral, atualmente.

Escritora, tem diversos livros publicados. O primeiro deles, “Vida e Poesia”, foi lançado em 1967. Poetisa e trovadora, é cofundadora e foi a primeira secretária da União Brasileira de Trovadores – UBT, seção 14 de Sete Lagoas. Tradição na região, a Trova é uma modalidade literária que surgiu na Era Medieval, no século 13 – poesia construída numa única estrofe de quatro versos de sete sílabas. “Há uma concentração de mulheres trovadoras na cidade. Na UBT local, realizamos eventos como os jogos plurais, de âmbito nacional, mas já recebemos participantes até de Portugal”, conta D. Mariza.

Elas aparecem muito pouco

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O caderno de D. Mariza reúne mais de 60 mulheres “marcantes” na história de Sete Lagoas.

Sobre sua motivação para garimpar as mulheres “proeminentes” da cidade e reuni-las num futuro livro, d. Mariza explica: “Lancei recentemente, na comemoração dos 150 anos de Sete Lagoas, o livro ‘Tipos Populares e Figuras Marcantes de Sete Lagoas’. Mas sempre pensei que as mulheres aparecem muito pouco. As mulheres que fizeram o bem, semearam caridade e bondade, essas quase não aparecem. Não sei bem a razão de meu interesse por esse tema: talvez por causa de minhas professoras na escola primária, que eu venerava; ou talvez porque sou mulher e gosto de ser mulher.”

E complementa: “Biblicamente, as mulheres aparecem depois de Jesus Cristo. É ele que dá uma oportunidade às mulheres – às vezes, a partir daquelas consideradas na periferia, na parte de baixo da pirâmide social. Mas vemos que, em quase todas as culturas, a mulher está mais apagada, o destaque é para o homem. Tem aquela frase, que nem sei quem é o autor, ou se corre como folclore: ‘Por trás de um grande homem, há sempre a figura de uma grande mulher’. Isso eu constatei e me deu vontade de escrever.”

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A escritora faz seu registro das mulheres “anônimas, invisíveis, desconhecidas; mas que semearam cultura e caridade”.

A contribuição da mulher para o mundo?

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D. Mariza foi uma das debatedoras do evento “Mulheres Semeadoras de Cultura”, realizado em Sete Lagoas, em janeiro de 2018.

“Eu sou solteira, por convicção, por escolha, foi uma opção minha, mesmo. Criei meus irmãos. Acho que toda mulher tem muito de maternal, e é isso que faz com que ela abrace o mundo, abrace as pessoas e tenha vontade de contribuir. Muitos podem dizer que a inteligência e a razão masculinas são o que funcionam. Mas eu acredito que as mulheres, quando querem, constroem mais que os homens – uma construção baseada no acolhimento. Parece que a gente já nasce de braços abertos para abraçar o mundo. Talvez eu esteja falando a partir de minha própria mãe, deve ser isso… Mas, tira a mulher do mundo, pra ver o que acontece.”

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