Pescadores e pescarias

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

Se houve quem não acreditasse na multiplicação de peixes evangélica, este acabou por deslumbrar-se ao vê-la acontecer nas águas do rio Piracicaba. Pareceu – antes de o Sistema Cantareira violar um dos mais belos cenários da natureza – verdadeiro milagre. Cardumes de peixe em direção ao Salto, jaús e dourados saltando na tentativa de subir as pedras, pescadores “caçando-os” com as mãos. Pescadores com rede de pescar, com varas, com tarrafas. Crianças à beira rio, mulheres divertindo-se na pesca de lambaris, manjubas; meninos mergulhando e colocando as mãos nas tocas dos mandis.

Há quem não acredite, pensando seja conversa de pescador. Mas é um dos nossos contos das mil e uma noites: a pesca do “bate-bunda”. Em noites enluaradas, pescadores saíam, silenciosamente, com seus botes, nos quais colocavam lençóis da proa à popa. Quando percebiam o surgimento de cardumes, um pescador levantava-se e caía pesadamente com a bunda ou na proa ou na popa. O barco corcoveava, os peixes se assustavam, saltavam, batiam no lençol e ficavam tremelicando nos barcos.

Não há, ainda, páginas suficientes para narrar e contar histórias de pescadores e de pescarias. São um dos nossos tesouros, reais e folclóricos.

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