A Princesa Isabel em terras caipiras

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Foto: Acervo Cecílio Elias Netto

Um diário da Princesa Isabel, publicado em livro, revela, ao mesmo tempo, uma imagem mais generosa da então “herdeira presuntiva do trono do Brasil” e o interesse da monarquia pelo desenvolvimento agrícola paulista. A publicação do diário da princesa mostra sensibilidades que têm sido sonegadas pela maioria dos historiadores. Nele, a Princesa narra sua viagem ao interior paulista. A viagem iniciou-se no dia 5 de novembro de 1884. Partindo da estação do Campo da Aclimação, antigo Campo de Sant´Ana, a Princesa e sua comitiva fariam a primeira parada na cidade de Lorena, no Vale do Paraíba, em São Paulo.

No dia 10, a comitiva real embarca no trem da Estrada de Ferro Sorocabana que, saindo de São Paulo, percorria 186 quilômetros até Tietê. (…) Anota os percalços da visita: “Com chuvisco, visita em vagões, por trilhos de ferro, puxados por animais para subir, descendo pelo próprio peso, troles, cavalos e a pé, também com os meninos às minas de ferro riquíssimas”. E registra sua admiração:“Basta cavar para ter grandes quantidades de ferro” (…)

A esperada visita ela a faz em Capivari, no dia 12, onde está um Engenho Central que pretende revolucionar a indústria açucareira em São Paulo, criado por Monsieur Raffard. Do engenho, nascerá a futura cidade de Rafard. Mas a Princesa Isabel não se entusiasma: “Engenho muito grande, muito boas máquinas (…) entretanto, creio o de Lorena melhor como simplificação para o trabalho”.

Em Capivari, a Princesa Isabel recebe, de Madame Raffard, “um ramo de lindas flores, digno de Paris e grande como meu chapéu de sol aberto”. Parte às duas horas e, às três, chega a Piracicaba.

Nesta cidade, hospeda-se na casa do Barão de Serra Negra, Estêvão de Rezende (atual terreno de estacionamento da Câmara de Vereadores) faz visitas: “ida ao Salto (quiosque) de que gostei muito, visita à fábrica de bordados e à fábrica de fiação do Queiroz (Luiz de Queiroz)”. E deixa registrada sua opinião sobre Piracicaba: “Uma cidade bonitinha, com ruas muito bem alinhadas, e muito bem situadas numa colina, e à beira do belo rio do mesmo nome”.

Saindo de Piracicaba às seis horas da manhã, chega a Itu “às dez e meia”. No dia 16, um domingo, descansa, assiste à missa “na capelinha da fazenda”, e, pela manhã do dia 17, embarca para o ponto final da viagem: a fazenda do Senador Vergueiro, a famosa Ibicaba, localizada na atual Limeira e fazendo divisa com Piracicaba. Ibicaba é uma das principais experiências rurais brasileiras do Império, originária da sesmaria Morro Azul. No dia 27 de novembro, a Princesa Isabel encerra sua visita aos caipiras, embarcando, em Santos, no navio “Rio de Janeiro”, retornando à Corte.

Regentes do Império

Marcante foi, também, a participação de grandes nomes de Piracicaba durante a Monarquia brasileira. Não bastassem títulos nobiliárquicos de diversos deles, tivemos duas personalidades – poderosos senhores de terras em nosso município – com destaque e influência na regência imperial, quando da menoridade de D. Pedro II. O primeiro deles foi o Senador Nicolau de Campos Vergueiro indicado para pertencer à Regência Trina Provisória, em 1831. Poucos meses depois, foi eleita a Regência Trina Permanente (1831/35), da qual fez parte José da Costa Carvalho, o Marquês de Monte Alegre, poderoso fazendeiro, proprietário, também, das terras de Monte Alegre, em Piracicaba. José da Costa Carvalho foi, também, o criador do primeiro jornal de São Paulo, o “Farol Paulistano”, em 1837.

A Regência Una – que substituiu as anteriores – teve como regente o Padre Diogo Antônio Feijó, o Senador Feijó, que costumava hospedar-se na residência de sua irmã em Piracicaba.

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