Rua do Porto: o berço amado

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

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Ela faz parte da pia batismal de nossa gente. É a mais amada e a mais icônica de nossas ruas. E, também, a mais romântica, a mais misteriosa, poética. Chamava-se, inicialmente, Rua da Praia. O primeiro registro do nome “Rua do Porto” – referência ao porto de navegação fluvial,  também pioneiro – aparece, nos anais da Câmara de Vereadores, em 9 de abril de 1863.

Desde o início da povoação, a Rua do Porto foi palco das paixões humanas que nela surgiram cruamente: conflitos, contradições, disputas. Nela, pulsava a vida de negros, índios, caçadores, capitães do mato, garimpeiros, pescadores, pagadores do governo. As principais lendas piracicabanas subsistem à sua sombra, como se fantasmas ainda a habitassem com seus amores, paixões, desejos.

Lugar de olarias – dirigidas por alemães, sírios, portugueses – foi o ponto de encontro dos piracicabanos na compra de peixes e para ouvir as longas conversas e mentiras de pescadores e de suas famílias. Figuras notórias permanecem na memória do povo: Maria Pituça, Nhô Manduca Duarte, o “Bico Fino”, Tangará. O primeiro armazém foi o de Afonso Senofonte Pecorari, ainda no século 19, que se tornou, em 1969, também o primeiro restaurante da Rua do Porto, a “Arapuca”.

LAVA ROUPA TODO DIA…

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A Rua do Porto era, na cidade, um espaço exótico, habitada por famílias de pescadores e de oleiros, um lugar também boêmio, que sabia conciliar trabalho e diversão.

As águas do rio Piracicaba eram límpidas e serviam para beber e para lavar roupas. Eram conhecidas as “lavadeiras da Rua do Porto”, geralmente mulheres negras e pobres que lavavam roupas das próprias famílias e atendendo, também, aos que as contratavam.

A foto, da primeira década do século 20, de autor desconhecido, mostra uma Rua do Porto quase primitiva, com seus barcos, pequenas e poucas casas. A imagem foi colhida nas proximidades da Casa do Povoador. Outro local onde as mulheres costumavam lavar roupas era nas Ilhas dos Amores, uma delas próxima ao Museu D´Água.

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