A torre da igreja protestante levou protesto ao Imperador

Torre-Protestante

Algum dia, o historiador piracicabano ficará mais atento aos conflitos entre católicos e protestantes em Piracicaba, questão que nada teve de democrática no final do século passado. Sendo o Catolicismo a religião oficial do Estado, padres e fiéis não abriram mão de seus direitos oficiais. Os metodistas inauguraram o seu templo em Piracicaba, na rua Boa Morte, onde está o atual Colégio Piracicabano, no espaço conhecido como “Trinity”, demolido pelo ver. Chrysanto César, um dos criadores da UNIMEP, nos anos 60.

Era o segundo templo metodista do Brasil, construído pelo pastor norte-americano, o primeiro da Igreja Metodista em Piracicaba, e inaugurado no dia 31 de outubro de 1885. Antes da inauguração, os católicos fizeram um berreiro. O vigário Francisco Galvão Paes de Barros — que entrou na história como Padre Galvão — não admitia que os protestantes fizessem um templo com torre daquela altura.

E protestaram. Primeiro para a Câmara Municipal, onde os Moraes Barros eram todo-poderosos e simpáticos aos metodistas. Não deu certo. O vigário, então, reclamou ao arcebispo de São Paulo. Também não deu certo. Finalmente, a querela foi parar junto ao Imperador D. Pedro II. O berreiro foi inútil: a igreja metodista, com torre e tudo, foi inaugurada e, com ela, iniciava-se a grande caminhada protestante em Piracicaba.

[Este conteúdo foi publicado no “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornalista Cecílio Elias Netto, do jornal impresso “A Província”, que circulou como suplemento do jornal “A Tribuna Piracicabana”. Para este projeto, foram elaborados vários fascículos ao longo do período de novembro de 1995 a agosto de 1997.]

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