Como Dona Felicíssima vinha a Piracicaba, com estoque de tudo

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(imagem: reprodução Pixabay)

Dona Felicíssima de Campos foi a segunda esposa do Comendador Luiz Antonio de Souza Barros, o “Brigadeiro Luiz Antonio”, nome de uma das mais famosas avenidas de São Paulo. Grande proprietário de terras, o Comendador Luiz Antonio morou muito tempo em Piracicaba, onde foi proprietário da notável Fazenda São Lourenço e muitos outros empreendimentos.

A premiadíssima historiadora piracicabana, Maria Celestina Teixeira Mendes Torres, tem uma página encantadora — no livro “Um lavrador paulista no tempo do Império”, que é a história do Brigadeiro Luiz Antonio — onde relata como Dona Felicíssima fazia para vir a Piracicaba, por volta de 1860.

Alimentos – Era um estoque o que D. Felicíssima trazia a Piracicaba: “a barrica de farinha de trigo de Trieste, a manteiga e o chá verde da Inglaterra, vários outros produtos que não se encontravam no interior, inclusive ‘açúcar fino’. Nos engenhos de Piracicaba fabricava-se açúcar de três tipos: o branco, o mascavo e o redondo.” (Supunha-se que o açúcar de D. Felicíssima fosse de beterraba, produzido na França.)

Remédios – Era outro estoque especialmente de produtos homeopáticos e drogas, tais como: sal amargo, maná, sena, ruibarbo, linhaça, vidros de Opodeldock, óleo de meimendro, de amêndoa, arnica. E mais xaropes, por ela mesma preparados: purgante de Leroy, xarope de agrião, de preparados de limão com ferros velhos, pomadas, pós e unguentos.

Iluminação – D. Felicíssima sabe que precisa trazer velas para Piracicaba. E ela as prepara com “sebo bem alvo, desiludida com as velas compradas, mal feitas e rançosas.” (…) (As velas de sebo eram usadas somente nos dormitórios, nas salas usavam-se as de espermacete.) (…) “Usava castiçais de latão galvanizado na fazenda, na cidade eram usados magníficos castiçais de prata – mas, em geral, o costume na zona rural era mais simples — velas de sebo no gargalo de garrafa.”

Para os escravos – Como eram muitos os escravos que acompanhavam a família em sua viagem de São Paulo a Piracicaba, Dona Felicíssima tinha coisas a comprar para eles: “esteiras, roupas e chapéus de palhas, fabricados pelos presos na Casa de Correção, utensílios domésticos nas oficinas dos latoeiros.”

Quando tudo estava pronto, o Comendador Luiz Antonio mandava avisar o administrador da fazenda, que lhe enviava os animais de montaria e de carga e os homens para dirigi-los. E lá se iam eles, os Souza Barros, deixando a São Paulo provinciana para vir para a pequenina Piracicaba, zona rural da Província.

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