Em 1987: Marcelo, o herói das arquibancadas

O texto abaixo foi publicado em agosto de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

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É conhecido como Marcelo ou Marcelão. Sua presença é sempre notada nas competições envolvendo equipes de Piracicaba. De qualquer modalidade esportiva.

Aliás, sua presença não pode deixar de ser notada, porque é um torcedor “que não resta a menor dúvida”, como costuma dizer Aracy de Almeida, antiga sambista e atualmente jurada de Silvio Santos.

Às vezes acompanhado, mas quase sempre na base do solitário, Marcelo ou Marcelão, que na verdade é um piracicabano da Cidade Alta, solteirão de 40 anos, com seus metro e sessenta de altura e metade de largura, é aquele torcedor que faz a festa das arquibancadas. Ao primeiro apito do árbitro, Marcelo começa a manifestar em altos brados o seu protesto contra o mesmo, até ouvir o apito final de encerramento da partida.

Seja no futebol profissional ou amador, no futebol de salão, basquete, vôlei, quando “a coisa é prá valer”, Marcelo está lá, pressionando a arbitragem e procurando ridicularizar os jogadores adversários. Porque para Marcelo, o árbitro e os adversários nunca têm razão e toda a bola do jogo é “bola nossa”. Por consequência, a vitória tem sempre que ser “nossa”, senão estaremos sendo “roubados”.

Nas partidas decisivas, Marcelo acompanha as equipes, mesmo que sejam realizadas fora de Piracicaba. Gasta o dinheiro suado, mas viaja por sua conta e risco para acompanhar o XV de Novembro, tanto a equipe de profissionais como a de juniores, vai ver os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior. Esteve presente, inclusive, a todo o “tira-teima” do basquete feminino Unimep-Minercal.

Marcelão só não acompanha mesmo é o vôlei feminino. Mas não explica o preconceito. Acha que o lugar do “Quinzão” é na divisão principal do futebol paulista. Quanto às equipes das demais modalidades, não leva em consideração a divisão ou o tipo de competição: “O que importa é jogar e ganhar. Torço prá isso!”

Marcelo ou Marcelão, na verdade, chama-se João Marcelino. Embora não pratique esportes desde que se tornou adulto, tem o orgulho de dizer que foi campeão de futebol com a equipe do Grupo Escolar “Alfredo Cardoso”, em 1961, nos Jogos Escolares, lembrando que o goleieo do time era o Tobias, que depois jogou no Corinthians Paulista. No mesmo ano e competição, Marcelo conquistou medalha também no atletismo, como campeão do salto em extensão.

A maior alegria que alguém poderá proporcionar ao Marcelão das nossas arquibancadas será quando, ao final de uma partida decisiva para a conquista do título, um ou uma atleta oferecer-lhe a camisa, como homenagem àquele fiel soldado que não foge à luta e que é O TORCEDOR.

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