Em 1987: o detetive sabe tudo da província!
O texto abaixo foi publicado em setembro de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.
Tentando conhecer nossa província “por baixo do pano”, fomos conversar com alguém que conhece os segredinhos de muita gente. Terno e gravata, pasta 007, chapéu de camurça e um olhar penetrante; esse é o detetive Davi de Souza, terror para aqueles que fazem e não assumem.
Ele fez um curso no Instituto de Investigações Científicas e Criminais, no Rio de Janeiro e a partir daí não deu mais sossego aos criminosos e cônjuges infiéis. O campo de trabalho é extenso, diz ele, pois tem muita gente fazendo coisa “errada” por aí.
Seus casos são os mais diversos possíveis, vão desde investigação de paternidade e adultério até espionagem industrial. E ele gosta, “cada caso é uma nova aventura”.
Os homens, duvidosos do comportamento das esposas, são os que o procuram mais; as mulheres também o solicitam, desconfiadas pelas viagens constantes dos maridos ou das horas-extras exageradas. Mas pela sua experiência, ele afirma categoricamente que os que mais traem são os machões mesmo. Acredita que aqueles que não praticam esse tipo de atividade extraconjugal somam 2% da população. Mulheres, se cuidem!
Além disso, de acordo com ele, os homens não se preocupam muito com o que fazem, assim, são facilmente descobertos; a mulher não, já é mais cuidadosa.
Sigilo, sempre
O detetive Davi preza muito o seu trabalho e diz que as principais características de um bom detetive são sigilo e honestidade, mas garante que sua vida é bastante agitada e perigosa. Ele se arma de máquina fotográfica (sua maior arma), gravador e aparelhos de escuta e sai à cata dos infratores. Esses, por sua vez, o ameaçam de morte, atentam contra sua residência, tanto que, dentro de suas normas de segurança, está a troca de números do telefone a cada seis meses.
Agora, atenção, senhoras e senhores que curtem uma escapadela num motel! De acordo com o detetive, eles não oferecem nenhuma garantia em termos de privacidade. O detetive pode instalar uma escuta na portaria do motel, com o consentimento do gerente, é claro, e saber sem dúvida alguma todos que o frequentaram, inclusive dia, hora e companhia.
Sobre a sociedade piracicabana em geral, ele diz que a cidade é conservadora, quem não o é são alguns moradores que escondem o que fazem para não ser marginalizados. Ciumento? “O caipira é muito, ele até mata, mas a mulher ganha no ciúme apesar de menos agressiva”.
Questionado a respeito dos crimes não solucionados na cidade, como o caso de Sérgio Oba-Oba e de Orsi, ele não quis falar muito, poderia se comprometer.
Só admitiu que acha estranho no caso de Oba-Oba que não haja testemunhas dispostas a falar e acredita que tenha gente poderosa da cidade envolvida. Afinal, “quem poderia querer matá-lo?”.
Mas voltando ao dia-a-dia do detetive, ele diz que já teve muitos casos curiosos e até engraçados; porém o que ele se lembrou de imediato foi o de uma senhora que pediu que ele investigasse seu marido, pois desconfiava que ele a traía. Adivinhem o resultado? A infiel era ela mesma, e procurava um pretexto para a separação. Imaginem o clima na hora dele dar o resultado das investigações à cliente?
Alerta à população
O detetive Davi de Souza alerta a população em geral para que tome cuidado com alguns profissionais da área, na cidade: muitos forjam e “preparam” provas, muitas vezes a pedido do próprio cliente, também inescrupuloso, que pretende incriminar alguém. Fofoca: segundo ele, pessoas do “soçaite” costumam solicitar essa “preparação” de provas para incriminar os cônjuges.
Essa província! Só um detetive particular pode dizer que a conhece realmente!