Em 1987: que tal um cineminha?

O texto abaixo foi publicado em setembro de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba. Mostrava um pequeno panorama de como funcionavam os cinemas na época.

cinema

Conversando com Francisco Andia, responsável pelos Cinemas do Interior de São Paulo e pela programação do Rivoli e Tiffany –  a do Cine Arte é elaborada por uma Comissão, da qual fazem parte algumas pessoas da Ação Cultural –  ele explicou que a seleção dos filmes que chegam à cidade é feita por lotes. Ou seja: três a quatro vezes por ano faz-se contrato determinando a exibição de um grupo, cerca de 10 a 12 filmes.

Normalmente, disse Andia, os contratos são feitos com a empresa UIP – United International Pictures –, selecionando o “grupo” de filmes que mais interessam — aqueles cujos títulos terão boa aceitação por parte do público. Estabelecidas as regras, é obrigado a exibir tudo o que existe no “pacote”, obedecendo o critério de simultaneidade com São Paulo.

Porém, esse lote envolve filmes de qualidade muito variável, afirmando Andia que às vezes ele chega a pagar à UIP pela não exibição de uma ou mais fitas, por serem ruins.

A verba para esse tipo de negociação com a Empresa vem da própria bilheteria de filmes com grande aceitação pela população, na sua maioria estrangeiros e, dentre os nacionais, os dos “Trapalhões”, que produzem em Piracicaba, durante todo o ano, recorde de bilheteria, ajudadas que são, peIo lançamento simultâneo nacional com cerca de 40 cópias.

O que dificulta a chegada da maioria dos lançamentos na província é o número reduzido de cópias, pois, segundo Andia, geralmente são feitas poucas cópias, devido aos altos custos.

FREQUÊNCIA E GOSTOS 

“O vídeo-cassete roubou o público de televisão e não o de cinema, já que se perde muito ao assistir a um filme na TV”, afirmou Andia.

Dos três cinemas da cidade, o menos frequentado é o Cine Arte ou Sala Grande Otelo, localizado junto ao Teatro Municipal. Concentrando estudantes, em sua maioria, nas férias a frequência é quase nula. Pensando nisso, Andia teve a idéia de exibir desenhos de Walt Disney em julho passado e disse que houve ótima aceitação.

Já uma programação mais elaborada, como por exemplo exibir durante uma semana filmes de um só diretor, teria que partir da Comissão responsável pela programação, do Cine Arte, para que Andia pudesse ver a viabilidade de se obter tais filmes todos juntos.

“E isso teria que acontecer durante as aulas”, já que ficou provado que, de uma maneira geral, Piracicaba não tem um público significativo para filmes de arte. Já o Cine Tiffany mudou, de uns tempos pra cá, sua programação pornô”, o que tem dado bom resultado em termos financeiros. Ainda disse que o cinema deverá ter pelo menos o horário das 22 horas reservado a esse tipo de filmes, pois há boa aceitação.

No que diz respeito à conservação dos cinemas, “o piracicabano destrói tudo, de poltronas a sanitários, tanto que é preciso manter um tapeceiro o  ano todo para consertar estragos”, disse Andia.

Quanto aos cinemas (dois), do novo shopping, não serão de sua responsabilidade, mas Andia acha que “a qualidade dos filmes na cidade tenderá a cair, devido ao maior número de casas de exibição” embora sua opinião contrarie a lei da livre concorrência, quando se observa sempre melhoria no setor onde haja maiores opções de escolha.

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